Entre o último domingo (14) e a segunda-feira (15) a temperatura caiu bruscamente em Passo Fundo. Os termômetros passaram dos 29ºC na tarde de domingo para 12ºC na manhã de segunda-feira, uma queda de 17ºC. Característica normal da época do ano, de grandes variações no clima, em virtude da transição das estações, essas mudanças ainda poderão se repetir pelas próximas semanas. O que também costuma variar junto com as temperaturas é o humor. Isso, porque o organismo não consegue tempo suficiente para se adaptar. Seja do calor para o frio, ou do frio para o calor, algumas pessoas podem se sentir mal-humoradas, mesmo sem entender como. Mas a psicanálise tem uma explicação para isso.
Rossana Braghini, psicanalista, explica que isso tem ligação com as decodificações das sensações de prazer-desprazer. “Este tema me fez lembrar de um exemplo dado pelo escritor Luiz Alfredo Garcia-Roza sobre um texto de Freud, Projeto para uma Psicologia Cientifica de 1895, considerada por muitos um texto pré-psicanalítico. Neste artigo Freud afirma que temos uma instância no psiquismo, chamada Ômega, que tem por finalidade, entre outras coisas, decodificar as sensações de prazer-desprazer que temos, originadas pelo aumento e diminuição da energia psíquica, provindas de outro sistema denominado Psi. Como a colocação de Freud ficou difícil para alguns entenderem, Garcia-Roza esclareceu através da metáfora do clima. Ele disse mais ou menos assim: não é tanto o frio ou calor que nos fazem sofrer, mas a variação destes dois elementos num curto período de tempo. E aí poderíamos pensar: - 'por que?' Porque não dá tempo da adaptação de um elemento ocorrer e já temos que lidar com outro”.
Esse comportamento pode ocorrer tanto da saída de dias frios para dias quentes, ou ao contrário, embora muitas pessoas associem o mau-humor ao frio. “Sim, pode ser o contrário. É o meu caso. Eu não gosto de calor e amo o frio. Em primeiro lugar porque no inverno me sinto fisicamente melhor. Como tenho a pressão baixa, no inverno estou sempre disposta e no verão tenho que tomar litros de café para não ficar sonolenta. Por outro lado, minha memória de inverno é sempre recheada de coisas que adoro: livros policiais, chocolate quente, chuva, filmes, maior elegância no vestir, etc. Já no verão minha memória é invadida por más lembranças e premonições: sol quente, câncer de pele, imperfeições à mostra..., etc. No fim, nem sei dizer se a pressão baixa (leia-se também depressão) não não é consequência da minha rememoração”, argumenta a psicanalista.