“Não sei como agradecer ou explicar o gesto da doação. É um ato com valor inexplicável para quem recebe. É uma atitude de amor ao próximo de quem doa, que permite esperança de vida para pessoas como eu”, descreve, feliz e emocionado, o transplantado de rim, Jocemarcos Zamboni, 30 anos, de Sananduva. Depois de passar mais de dois anos e meio em tratamento semanal na hemodiálise, Jocemarcos foi submetido ao transplante no dia 16 junho de 2014, data que segundo ele representa um recomeço.
Porém, assim como esperou Jocemarcos, muitos pacientes aguardam na fila de espera por um transplante e pela nova chance de vida. Segundo dados da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) do HSVP e Organização de Procura de Órgãos (OPO-4 RS), há uma diminuição do número de doações e o aumento da negativa familiar à doação, o que aumenta as filas de espera por um órgão e a angústia dos familiares e pacientes. Isaías Borges, 46 anos, morador de Passo Fundo é um dos mais de 70 pacientes da região, que aguarda na fila de espera por um transplante. “Fazem oito anos que eu faço hemodiálise. É uma rotina cansativa, venho três vezes por semana e passo o dia no hospital. Antes eu trabalhava bastante, saía, gostava de viajar, hoje eu sei que a minha esperança em poder voltar a fazer todas essas atividades está na realização do transplante”, salienta Isaías.
Maioria das famílias brasileiras autoriza doação
O Brasil é o país latino-americano com maior percentual de aceitação familiar, ficando acima da Argentina (52,8%), Uruguai (52,6%) e Chile (51,1%). Os dados inéditos do Ministério da Saúde apontam para a importância da aceitação familiar na hora da doação. Em 2013, das 7.767 entrevistas realizadas com potenciais doadores 4.318 resultaram em uma resposta positiva da família. Por região, o percentual de aceitação das famílias foi de 68,7% no Norte, 55,9% no Centro-Oeste, 58,2% no Sul, 54,3% no Sudeste e 52,2% no Nordeste.
Levantamento do Ministério da Saúde demonstra que o Brasil reduziu a quantidade de pessoas que aguardam por um transplante de órgão, nos últimos cinco anos. De acordo com dados do primeiro semestre de 2014, 37.736 pessoas estão na lista de espera, contra 64.774 em 2008 – o que representa uma queda de 41,7%. Essa redução está associada ao aumento de doadores efetivos no país, que subiu de 1.350, em 2008, para 2.562, em 2013, representando crescimento de 89,7%.