Próximo do dia D, os principais candidatos a presidente parecem brincar com o bom senso do Povo brasileiro. Os planos de governos foram mera obras de ficção no imaginário dos candidatos que dizem que foram amplamente debatidos com a sociedade civil organizada, e que não se faz necessário calhamaços de papel, com textos longos.
Faltando seis dias para o “gran finale “o candidato Aécio Neves resolveu lançar seu programa de governo. Aécio declarou: “Eu não vou apresentar um calhamaço que você não vai ler e ninguém vai ler. Vou apresentar um programa para ser debatido. Ao meu ver, essa é a forma mais democrática de apresentar uma peça com essa complexidade. […] Nossa proposta, construída a muitas mãos, começa hoje a ser divulgada, mas eu vou fazer de forma diferente, inédita até agora. Para que o plano de governo não seja um documento meramente acadêmico, que circula na mão de um grupo pequeno e a população não sabe o que está sendo tratado.” Em vez de um programa, Aécio divulgou vagas intenções referentes a quatro áreas: 1) “Cidadania plena: direitos do cidadão e da sociedade”; 2) “Desenvolvimento para todos”; 3) “Estado democrático, soberano, solidário e eficiente”; 4) e “Sustentabilidade: semeando o presente para colher o futuro”.
O PSB divulgou em São Paulo, o programa de governo da candidata partido à Presidência da República, a ex-senador Marina Silva. As propostas foram divididas em seis eixos principais, que contemplam temas como economia, educação, sustentabilidade, mobilidade urbana, políticas sociais e cidadania. Dos seis eixos principais, três sofreram ajustes ou até mesmo sumiram do texto em menos de vinte e quatro horas depois do lançamento. Atendendo aos apelos do Pastor Malafaia casamento” gay, apoio ao projeto de lei que criminaliza a homofobia. Sem contar o tema energia nuclear, tema delicado para a candidata. Decorridos mais quatro dias, descobriu-se outra inconsistência.
No capítulo dos Direitos Humanos, o programa de Marina empilha dez tópicos. Quatro não são originais. Foram copiados, palavra por palavra, do Plano Nacional de Direitos Humanos baixado por Fernando Henrique Cardoso em 2002, último ano dos seus dois mandatos, definitivamente atucanou. A candidata à reeleição Dilma Rousseff chega à reta final da corrida pelo Palácio do Planalto rompendo, pela segunda vez, a tradição do PT de apresentar longos programas de governo, com detalhamento de futuras ações em áreas específicas. Até agora, a seis dias do 1º turno, o comitê eleitoral apresentou apenas um texto genérico à Justiça Eleitoral, uma exigência legal de todo início de campanha. E os compromissos por escrito da petista, dizem seus auxiliares, não devem passar disso neste ano. Na campanha de 2010, a então candidata também se esquivou de apresentar suas propostas detalhadas e só lançou um panfleto com treze compromissos seis dias antes do 2º turno. No decorrer da campanha ela sempre se associou ao presidente Lula, para tentar salvar-se da alta taxa de rejeição.
Nas eleições de 2014, todas as pesquisas apontavam que mais de 70% da população queriam mudança, parece-me que teremos a repetição de 2010, caso se nada considerado imponderável acontecer. A incapacidade da oposição em se consolidar e captar o sentimento de indignação da sociedade surpreendeu vários analistas. Nem ser diferente da situação a oposição conseguiu, sempre que questionada pela candidata Dilma, a oposição fala em manter, ampliar, qualificar, todos os programas do governo federal, nem se indignar com as denúncias de corrupção a oposição foi capaz. A impressão que ficará dessa eleição é que a grande imprensa é a grande oposição, e nem ela é mais capaz de derrubar governo. Enfim, nessa eleição teremos a possibilidade de votar no candidato menos pior, com o menos pior plano de governo. Isto é o Brasil. Viva a democracia!!!