Dia desses, há muito tempo, estava lendo alguma coisa quando percebi o título Evangelho Segundo Jesus Cristo (José Saramago). Passei batido mas, recomposto, ponderei se Jesus teria escrito algum evangelho. Igual situação passei quando li em algum lugar Ouça Esse Livro. Não lembro sobre o que se tratava, mas havia referências musicais e o leitor estaria convidado a ouvi-las, já que o livro era acompanhado de um CD.
Esse é o sonho de quem escreve, pretender que o leitor entre no clima, que perceba de onde brotaram as ideias, de onde veio o encanto, de onde nasce o vento e de onde vem o pensamento.
Fiquei muito satisfeito comigo porque emprestei ao colega Daniel Soares o livro Noites Tropicais (Nelson Motta) que narra com detalhes a história da MPB entre os anos de 1960 a 1990, aproximadamente. Daniel está encantado com o livro e se o colega está feliz também estou, por participar em sua vida com momentos de afabilidades. Também está e, poder de Marco Damian um exemplar sobre a MPB no ano de 1973, imperdível. Tudo tem a ver com a minha história já que nessa época estava com 15-16 anos e, romântico que sou, todas as minhas aventuras tinham trilha sonora e ali estão as razões das letras e das músicas.
Perceba caro leitor que sempre busco explicações para tudo e que minhas crônicas têm mais perguntas do que respostas, o que me parece menos agressivo à inteligência alheia. Estou aqui com a biografia de João Rubinato. Conhece João Rubinato? Que pena. E Adoniran Barbosa? Pois, são a mesma pessoa. Conta a história de Arnesto e Matogrosso, Iracema, da Saudosa Maloca, Brás e Jaçanã.
Quase tudo o que tenho de músicas e livros tem uma explicação, talvez pelo fato que sempre fui de escolher cuidadosamente o que vai entrar na minha mente. Em nada sou expert, mas leio de tudo e o faço para deleite da alma a para contemplar em algum momento meus amigos, parceiros das mesmas vivências, solidários dos mesmos sonhos, os nossos, meninos das vilas, companheiros da alma.
Queria que ouvissem Luiz Claudio cantando Menininha de Gantois, em 1973. Queria que escutassem Lá no Pé da Serra (Elpídio dos Santos) cantada pelo Grupo Raízes, em 1973. Queria ouvir contigo Menina da Ladeira (João Só) ou Andréia (Abílio Manoel)...
Sabe gente, aí vem Julio Iglesias, não sei se vou. Se minha mãe aqui estivesse, certamente iria com ela, para sonharmos juntos.
Mãe, puta que pariu, que saudade tenho de ouvir músicas contigo, tu que gostavas de Carmen Silva, de Eliana Pittmann, de Clara Nunes, de Moacir Franco.
Quero que saibas que continuo contigo ao rodar todas essas aqui nesse quartinho.
Na impossibilidade de estar em outra dimensão, sigo essa mesma e com o mesmo prazer das aventuras da vida, neste sábado, vou levar meu filho para que ele conheça a Arena do Grêmio, nosso time. Um dia ele lembrará disso e, por isso e, também por isso, por todas as banalidades da vida nunca nos separaremos.
