OPINIÃO

Herói

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Estava falando a meus filhos sobre os heróis da minha infância e perguntando sobre os heróis deles. Primeiro foi Tarzan, Batman, Super-Homem, depois Cavaleiro Negro-Buck Jones-Kit Carson-Buffalo Bill e, adiante, o mais duradouro, O Fantasma (o espírito que anda). Aí surgiram os heróis Marvel e meus irmãos e eu ganhamos camisas estampadas com suas figuras e eu era o Homem de Ferro, Renato (Capitão América), Binho(Namor), Poco (Thor) e Caio (Hulk). Já adolescente apreciava David Banner e aquela musiquinha lindamente triste que encerrava os episódios de Hulk, aos domingos. Curti John Boy (Os Waltons) e, é claro, como não poderia de ser Mac Gyver, o super detetive.

Mas, são heróis imaginários e herói é aquele que arrisca a vida para ajudar os outros. Nesse caso, Super-Homem não o é porque tem superpoderes, não arrisca sua vida e somente ajuda os terráqueos talvez pela necessidade de, em não sendo da terra, sentir-se incluído, pela necessidade de pertencimento. Vai saber.

A vida vai fazendo que a gente vá trocando de heróis. Os meus, da vida real, sempre foram os meus pais com todos os seus superpoderes, também assim, meus irmãos pelas condutas no cotidiano, pela manutenção da honradez adquirida no convívio familiar.

Nunca quis ser herói para meus alunos e nem para meus filhos, apenas queria e quero que eles saibam que têm que buscar seu melhor desempenho. Muitas vezes, ficamos extremamente felizes com os filhos, não porque ganharam ou perderam, mas porque cremos que eles deram seus máximos. Pretendo ensinar meus alunos a buscarem a otimização na profissão-vocação, sem jamais esquecer que Medicina é uma ciência humana, já que tudo o que é empregado ao paciente deve estar bem referendado na literatura, senão é invenção e sobretudo a Medicina deve ser humana porque para ser médico de verdade a gente tem que gostar de gente.

Vai, nesse 18 de outubro, a homenagem ao médico herói, aquele que gosta de gente até mais do que de dinheiro. Vai a homenagem ao médico cujas qualidades humanas faz com que o jaleco lhe caia perfeitamente bem. Vai a homenagem ao médico que transita suavemente entre seus pares da mesma maneira com que faz com a enfermagem, com seus pacientes, com os familiares dos pacientes. Vai a homenagem ao médico que estimula ao estudo. Vai, também, aquele que se emociona e sente o impacto quando seu trabalho não teve o resultado que esperava. E, também, aquele que gosta do colega apesar de seu sucesso profissional.

Tenho muitos heróis na Medicina e não gostaria de citá-los nominalmente porque, é bem provável que esse herói não se sinta assim. O verdadeiro herói acha que essas qualidades ou adjetivos numeradas não são adjetivos. O herói acha que desprendimento, humanidade, conhecimento, ética e honradez são substantivos e que é condição sine qua non para a gente ser chamado de médico.

Não conheces muita gente assim? Que pena, eu conheço, mas temo cada vez mais pela possibilidade de sua extinção.

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