Mais mulheres com deficiências e difícil inclusão nas escolas

Pesquisa do IBGE destaca maior incidência de deficiências entre as mulheres. Na idade escolar, números mostram boa frequência de deficientes, mas são grandes os desafios para e garantir a real inclusão e acesso ao ensino

Por
· 2 min de leitura
 Crédito:  Crédito:
Crédito:
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

A maior expectativa de vida e até a maior capacidade de reconhecer as próprias dificuldades contribuem para que as mulheres superem os homens na incidência de deficiências físicas e mentais, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na divulgação das Estatísticas de Gênero. Com base no Censo 2010, a pesquisa contabiliza que, dos 41.452 de moradores de Passo Fundo que declararam ter alguma deficiência severa, mental ou intelectual, 23.659 (57%) são mulheres e 17.792 (43%) são homens.

A proporção dos deficientes chega a 24% da população feminina, enquanto fica em 20% na masculina. Para chegar a esse número, o IBGE considerou as pessoas que declararam ter grandes dificuldades ou que não conseguem enxergar, ouvir, caminhar ou subir escadas. Também se soma a esse total as pessoas apontadas na resposta ao questionário com deficiência mental ou intelectual.

O percentual de deficientes cresce com o avanço da idade e a maior proporção está entre as pessoas entre 15 e 59 anos, representando 63% do total de pessoas que declararam ter pelo menos alguma deficiência. Quase metade (49%) dessas pessoas afirmaram ter deficiência visual. Entre os idosos, a deficiência visual também é a mais comum, com 22% de incidência, seguido da deficiência motora severa, com 17% das pessoas com mais de 60 anos. O IBGE relaciona a maior proporção de mulheres com doenças motoras à maior incidência da osteoporose.

Inclusão com dificuldades 
De acordo com IBGE, são 1.685 deficientes em idade escolar, ou seja entre 6 e 14 anos. Destes, somente 111 não estariam matriculado na escola em 2010, quando foi realizada a pesquisa. Porém, índice de frequência na escola não necessariamente representa que estas crianças e adolescentes estão incluídos. Cláudia Furlanetto, especialista em educação especial e direitos humanos e fundadora do Conselho Municipal das Pessoas com Deficiência, explica que a inclusão é muito recente no país para se solidificar ações realmente inclusivas. “O sistema educacional ainda não está preparado para atender as especificidades de cada condição. O grande problema está na falta de formação específica. Além disso, a consciência de inclusão deve estar firmemente atrelada aos Projetos Políticos Pedagógicos envolvendo toda a comunidade escolar, mas isso efetivamente não acontece de regra. Acredito, que o grande desafio ainda é ter a compreensão da necessidade do outro, o que exige uma mudança cultural política, escolar, no ambiente de trabalho, familiar e nos círculos de amizade ”, explica.

Cláudia cita como exemplo pessoas com surdez ou deficiência auditiva, onde alunos são usuário da Língua Brasileira de Sinais. Em Passo Fundo, são cerca de 500 crianças e adolescentes nesta condição. “Temos garantido constitucionalmente a inclusão, mas não temos os cargos de Professores de Libras e de Tradutores Interpretes no município, logo, não temos recursos humanos que garanta a real inclusão”, relata.

Gostou? Compartilhe