Sábado, 8 de novembro. Por volta das 19h, quando o sol buscava se esconder entre as nuvens, quase 2 mil pessoas chegavam pouco a pouco na Praça Santa Terezinha. Cestas carregadas de comida, toalhas estendidas pela grama e a espontaneidade de quem sai de casa para encontrar amigos e partilhar histórias: o Piquenique Noturno, organizado por Lisete Biazi e Ana Carina Schell, com a ajuda de João Carlos da Silva Filho e Natanael Canabarro, nasceu da vontade de reunir diferentes pessoas em um espaço de compartilhamento de ideias e se concretizou no apoio recebido a cada nova confirmação de presença. A proposta, no entanto, é anterior ao sábado e surgiu na mente de um grupo de jovens dos anos 70 e 80 motivados a resgatar parte da cultura da época.
Anos 70 e 80: Resquícios de uma geração
Há três anos, a vontade de reviver a juventude dos anos 70 e 80, Márcia Krauze Diehl decidiu voltar ao passado. “Saí de Passo Fundo nos anos 80, aos 19 anos, ainda uma menina. Com 50 anos, depois de ter residido em outros lugares como Rio, Londres e Japão, havia voltado para o sul, em Porto Alegre, e sentia uma nostalgia e vontade imensas de resgatar amigos dos tempos da infância, escola e adolescência”, conta Márcia. A saudade motivou a criação de um grupo que reúne jovens que viveram em Passo Fundo nas décadas de 70 e 80. “Criei o grupo naquele momento de vida em que percebemos que absolutamente todas as pessoas que passaram em nossas vidas foram fundamentais de alguma forma e, criaram laços de afeto, amor. Sentia uma saudades absurdas de Passo Fundo, imaginariamente percorria suas ruas... de ponta a ponta como tantas vezes fiz pela Av. Brasil. Relembrava os bares, as reuniões dançantes da época, dos clubes, das bandas que ouvíamos, das roupas originais de jovens que sabiam o que era o movimento hippie, rock and roll e iê iê iê. Como resgatar tudo isso juntamente com o principal: as pessoas que fizeram parte de tudo isso nos anos 70 e 80?”, questiona.
O encontro ocorreu no Facebook. O nome surgiu de forma fácil, rápida e capaz de identificar o novo movimento que nascia: Jovens de Passo Fundo Anos 70 e 80 reúne, hoje, cerca de mil pessoas que compartilham histórias, fotos e desejos que nasceram no passado. “Isso já propiciou tantos reencontros emocionantes de pessoas que não se viam ha décadas, tantos momentos singulares de lembranças já que o grupo compartilha em seu ambiente somente temas retrôs anos 70 e 80 como bandas, música, moda, culinária, hábitos e costumes. É uma troca sem fim de comentários interativos, muitas risadas, alegrias como se estivéssemos em um delicioso bate papo de bar ao som de Bee Gees nos anos 70”, comenta nostálgica.
Do encontro surgiu a ideia de fazer em Passo Fundo o que já acontecia em Porto Alegre: um piquenique noturno, na Praça Tamandaré. “Foi uma noite deslumbrante que reuniu centenas de integrantes do grupo e outros amigos e familiares”, lembra. Ainda que o resultado tenha sido positivo, o piquenique de 2012 tornou-se uma lembrança única.
Da Tamandaré para a Santa Terezinha
A organização de um novo piquenique tornou-se difícil e limitações - de tempo, de barulho excessivo e de falta de apoio - impediram a realização de uma nova edição em 2013. Este ano, no entanto, Ana Carina encontrou em Lisete o apoio que precisava para liderar a organização de um evento que contou com quase cinco mil convidados. “Conversei com Natanael e João Carlos, que ajudaram na organização do primeiro piquenique, que me deram dicas ótimas. Nos reunimos várias vezes para colocarmos as ideias - sempre surgiam novas - no papel e organizar as tarefas”, comenta Ana.
