Em 2008 a Editora objetiva lançou o livro com o título acima, de autoria do médico oncologista português Nuno Lobo Antunes e que recebeu prefácio do notável Antônio Damásio (neurologista e neurocientista português que trabalha e leciona na Califórnia – autor do livro O Erro de Descartes, que já iniciei leitura mais e três vezes). Também mereceu referências elogiosas de Drauzio Varella (uma declaração de amor ao próximo em homenagem à vida). Trata-se de relatos carregados de dor de um médico que trata de câncer infantil. Impossível lê-lo sem se emocionar, impraticável é a medicina sem que se entenda as nuances dos familiares dos pacientes que enfrentam essas patologias. Recebi esse livro como presente de meus irmãos, pelo fato de que eles entendem que a maioria dos médicos sempre permanece com seus pacientes, mesmo nas horas de lazer ou férias.
Eu acredito que a era de ouro da medicina passo-fundense se estabeleceu entre os anos de 1960-80, quando aqui aportaram os primeiros especialistas, a criação da faculdade de medicina e quando seus primeiros alunos se tornaram profissionais à disposição da sociedade. Ao mesmo tempo os hospitais e clínicas avançaram absurdamente em direção à qualificação e tecnologia. E se Passo Fundo é o que é hoje muito se deve aos que iniciaram esse caminho que trouxe reconhecimento e pujança à cidade que escolhemos e amamos.
Tenho orgulho por ter sido aluno e por estar trabalhando ao lado de meus professores mas, confesso que fico desanimado muitas vezes quando em aula percebo o desinteresse de alunos. Talvez, a gente não disponha do magnetismo que os nossos antigos e eternos professores emprestaram a nós. Sempre fico a imaginar as duas hipóteses prováveis: a minha aula é uma merda ou o aluno está no curso errado. Como eles lutaram tanto para o ingresso, é possível que a primeira hipótese seja verdadeira. Então, reciclo-me ou me retiro.
Essa possibilidade de opção tem amparo nesta situação mas não em todas. Muitas vezes gostaríamos de ampliar a lonjura da existência, mas o Criador deve ter outros planos.
Assim aconteceu com Dr Iguatemi Soares, irmão do Dr. Paraguassu que faleceu dia 10 de outubro em Rio Pardo, talvez sem a possibilidade de negociar com o Criador. Não o conheci pessoalmente, mas sei que foi médico de minha sogra entre os anos de 1974-1977 e dele, suas pacientes falam maravilhas. Muitos precisam de uma eternidade para mostrar a que vieram, outros nem tanto.
Tem gente que diz que o doutor somente descansa de verdade quando morre. Se isso for verdade resta dizer ao Dr Iguatemi duas frases: é tempo de descansar e obrigado, em nome de todos os seus pacientes.
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