OPINIÃO

Adeus Big Mike

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O cinema perdeu nessa semana o diretor Mike Nichols.

Mike quem?

O espectador pouco afeito a conhecer os nomes envolvidos nas produções pode não lembrar deNichols, mas o cineasta, nascido na Alemanha em 1931, é nome importantíssimo na renovação do cinema norte-americana iniciada na metade dos anos 60. Mesmo não sendo membro costumeiramente citado da nova geração de cineastas que transformou o cinema nos anos 70, é um dos responsáveis pelos pontapés iniciais de uma transformação nesse cinema até então acostumado a um classicismo que, no começo dos anos 60, começava a parecer excessivamente artificial e inodoro. “Quem tem medo de Virgínia Woolf”, seu primeiro chute na porta da sociedade americana, trazia um estupendo casal (Elizabeth Taylor eRichard Burton) se destrindo em uma relação visceral acostumada de perto por sua câmera inquieta, numa sufocante fotografia em preto e branco. Adaptado de uma peça teatral, Nichols manteve muito do espírito de uma peça de teatro em uma transposição que envolve e transforma o espectador de perto. Seu filme seguinte, “A primeira noite de um homem” terminou de quebrar as portas que trancavam a sociedade em um mundo de faz de conta ancorado nos clássicos do passado. Escancara a hipocrisia de supostas relações familiares perfeitas e a indecisão da juventude do país quanto aos rumos de seu futuro – e iniciava a carreira de um novato chamado Dustin Hoffman, além de fundamentar na cultura popular a trilha sonora de Simon e Garfunkel. “Ardil 22”, crítica sarcástica à guerra, acabaria fracassando em uma época em que outro cineasta, Robert Altman, desferia um petardo direto no mesmo tema com um filme chamado “MASH”.

Os cidadãos excluídos da ordem social normal, deixados de lado, esquecidos, diminuídos, foram sua grande fonte de inspiração. Nos anos 80, uma série de filmes com esses personagens trágicos marcou sua filmografia, de “Silkwood” e “A difícil arte de amar” e “Uma Secretária de Futuro”, um de seus grandes sucessos e figurinha fácil na sessão da tarde dos anos 90. De certa forma, Nichols perdeu um pouco de sua direção à medida que o tempo passou – nos anos 90, refilmou “A gaiola das loucas” com sucesso e distribuiu sua visão do mundo político com a comédia (“Segredos do Poder”, uma crítica irônica a Bill Clinton) e o drama (“Jogos do Poder”, com Tom Hanks). Seu grande sucesso viria em 2004, quando praticamente atualizou sua visão de relacionamento de seu filme de estreia, em 66, voltando seu olhar para os relacionamentos modernos em “Closer – Perto Demais”, talvez seu melhor filme desde os anos 60. Nada mais coerente, por praticamente encerrar sua carreira coroando um tema que ajudou a cria-la na época em que o cinema americano mais precisava de pessoas com a coragem que ele demonstrou.

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Interestelar” está em cartaz nos cinemas de Passo Fundo. Uma única sessão, às 21 horas.

Comento o filme depois que ele chegar às locadoras ou quando conseguir viajar à capital. Assistir ao filme de Nolan em cópia DUBLADA não me serve, e não há outra opção. De novo.

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