A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), aprovada em 2013, que deveria ser implementada em 2014, fixou a meta de superávit primário, como é chamada a economia de gastos públicos, em R$ 116 bilhões. Na LDO, em versão aprovada pelo Congresso Nacional possibilitava ao governo descontar da meta de superávit até R$ 67 bilhões pois se previam as dificuldades que o governo teria para poupar em despesas. Desastre anunciado, mas que poucos acreditaram. Somente 167 economistas que assinaram uma carta pró-Aécio, falavam e exaltavam a necessidade de uma política fiscal. O resultado disso é que até setembro, o Tesouro acumulou um déficit de mais de R$ 15 bilhões.
A Presidenta enquanto candidata, cobrou, no primeiro turno, de sua rival Marina Silva, sua suposta ligação com Neca Setúbal, herdeira do Banco Itaú. Aécio Neves foi questionado e triturado na campanha de segundo por sua relação com o economista Arminio fraga que seria o ministro da fazenda caso fosse eleito. Dilma crucificou Marina e depois Aécio, passando a imagem que qualquer um dos dois menos ela nomearia um banqueiro para acabar com os empregos e adotar medidas impopulares na condução da economia do país.
Pois bem, guindada para um segundo mandato como Presidenta da República, Dilma Roussef parece ter ido ao mercado buscar um banqueiro para conduzir a economia do Brasil, na Era pós Guido Mantega. Convidou o Presidente do Bradesco, Luis Carlos Trabuco, que então, declinou seu pedido. Não satisfeita, Dilma encontrou o seu banqueiro - ele tem nome e sobrenome e é avalizado e apadrinhado por Lula. É Joaquim Levy, que hoje ocupa o cargo de Diretor-superintendente da Bradesco Asset Management.
Em um artigo publicado na Folha de São Paulo em fevereiro de 2014, Joaquim Levy sugere medidas que deveriam ser adotadas na economia brasileira. E parece que, de fato, terá condições de implementa-las, caso seja efetivamente nomeado Ministro da Fazenda. No texto, publicado no Jornal a Folha em fevereiro de 2014, Levy afirmou que a indústria brasileira definha porque o câmbio está sobrevalorizado. O verdadeiro gargalo, escreveu, é a política fiscal.
Em sua visão, os políticos não ignoram o que deve ou deveria ser feito em matéria econômica. Porém, segundo Levy, “na maior parte dos países, a correção em geral só acontece depois de um bom susto ou crise”. Por quê? Simples: “Porque aperto fiscal, ter menos programas e novidades, não satisfaz nenhum governante e agrada poucos eleitores.”
O virtual substituto de Guido Mantega defende no artigo, um tripé macroeconômico já adotado por FHC. No texto, reconhece que “as políticas monetária e fiscal e o câmbio andam juntos”. Sem meias palavras, escreve: “Menos gasto do governo ajuda a fazer os juros caírem, desestimulando o excesso de entradas de capital e modulando o câmbio.”Secretário do Tesouro Nacional no primeiro governo Lula, Joaquim Levy ajudou a produzir a sucessão de superávits que apagaram a desconfiança que o ex-sindicalista do PT ateara nos mercados durante a sucessão de 2002. Foi sob seu comando que o Tesouro alcançou superávit de 4,5% do PIB. À frente de um governo que descumpre suas metas fiscais há dois anos, Dilma parece necessitar de um ‘efeito Levy’ para tentar restaurar a credibilidade econômica. Resta saber até onde, está disposta a suportar os efeitos e a austeridade que tais medidas provocarão.
Qualquer semelhança não é mera coincidência... Na história de Alice, ela cai na toca do coelho e é transportada para outro mundo, povoado por diferentes personagens que nos revelam uma lógica absurda, característica de nossos sonhos. Em sua jornada para sair do mundo da fantasia e voltar para casa, chega a uma bifurcação. Até que lhe aparece um gato e pergunta: - Qual o problema Alice, posso te ajudar? Ela afirma que está em dúvida sobre qual dos caminhos deve seguir. O gato então lhe pergunta se ela sabe aonde quer chegar? Ao ouvir a resposta negativa, o gato responde: - Ora, se você não sabe aonde quer chegar, qualquer caminho serve. Que caminho seguirá então o (de) novo governo? Que direcionamentos tomará para sair do mundo onde a lógica dos sonhos apresentada pela maravilhosa campanha eleitoreira precisará ser substituída pela incansável lógica do mundo real?
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