OPINIÃO

Preparem as pipocas

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Fãs do cinema pipoca tiveram uma semana e tanto. Viram, também, uma inovação do marketing desses tempos: tivemos na semana passada um teaser de um trailer. O teaser é aquele trailer que mostra pouca coisa, de um minuto ou menos, que faz o primeiro lançamento de algum filme, muitos meses antes. Ele atiça o público, provoca curiosidade e ansiedade – algum tempo depois, é lançado o primeiro trailer, aí sim, com mais cenas, mais tempo, uma construção que permita entender a trama e o filme em si. Na semana passada, tivemos o teaser do novo trailer de Jurassic Park.
Sim: uma spécie de spot de TV, mas feito para a internet, que avisava que o primeiro trailer do quarto filme da sére Jurassic Park seria lançado dentro de alguns dias.
Se isso não for retrato da ansiedade exagera dos tempos modernos, não sei como conceituar.

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É em torno da dupla que mudou o cinemão pipoca, aliás, que circulam as duas notícias da semana: o primeiro, já disse acima, é a divulgação do primeiro trailer de “Jurassic World”. Fez bem à série os quase 14 anos desde o lançamento do terceiro filme, que não é todo esse fiasco que muita gente defende, mas que mostrava uma certa falta de direção ou de novas opções narrativas à série, que nasceu com um dos últimos representantes do autêntico filme-evento do cinema norte-americano. “Jurassic Park”, o de 1993, é um membro daquele grupo de filmes que surgiu no fim dos anos 70 e inundou os anos 80, arrastando adolescentes aos cinemas. O arrastão ainda acontece, mas muito da aura mágica presente em filmes como “Jurassic Park” perdeu espaço. Era um filme que atraia por si próprio, pelos envolvidos, sem depender de um sucesso anterior em outra plataforma, como na literatura, ainda que fosse baseado em um livro de sucesso. O livro de Michael Crichton não foi um fenômeno como as séries juvenis literárias que impulsionam novos fenômenos de bilheteria. “Jurassic Park” é uma obra-prima do entretenimento. O novo filme, assinado pelo ilustre desconhecido Collin Trevorrow, tem produção de Spielberg e investe pesado na ambientação de “filme catástrofe”, povoando a ilha onde os dinos se tornam atração turística. É sucesso certo para 2015.

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Mas o grande momento da semana foi o primeiro trailer – está mais para teaser – do novo Star Wars, o sétimo episódio da saga. Aqui ainda não saiu uma tradução oficial, mas deve se chamar “O Despertar da Força”. Feliz dos fãs que George Lucas vendeu os direitos à Disney. Lucas fez um pecado à série em sua nova trilogia, lançada entre 1999 e 2005 – filmes inodoros, artificiais e com péssimas interpretações. Ele nunca soube dirigir atores. A primeira providência do diretor J.J. Abrams foi a de abandonar o excesso de chroma key e efeitos e usar cenários reais e maquetes. O resultado parece ser um filme totalmente diferente e um resgate da nostalgia da trilogia clássica. A nova geração e os nerds da geração anos 70 e 80 agradecem. O trailer, sozinho, é mais realista do que toda a nova trilogia. Sem falar que Lucas tem os méritos por criar o universo Star Wars, mas nunca foi um bom diretor: sua criatividade no controle da câmera se perdeu com o tempo e virou burocracia. Que sua criação sobreviva nas mãos de um diretor competente. Star Wars merece muito!

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