Computadores, mouses, modems, cabos, é quase impossível não ter um monte desses materiais em casa, muitos deles sem serem utilizados, afinal, a cada dia o mercado oferece modelos novos e atualizados, enquanto os velhos ocupam os fundos das gavetas. É por isso que a Coleta Digital, promovida pelo curso de Ciência da Computação da Universidade de Passo Fundo (UPF), junto com o Grupo de Estudo e Pesquisa em Inclusão Digital (Gepid) e UPF Solidária, foi criada. Em sua terceira edição, a Coleta aconteceu neste sábado (29) e domingo (30), no estacionamento do Bourbon Shopping.
De acordo com um dos coordenadores do projeto, o professor Adriano Canabarro Teixeira, a Coleta nasceu com dois objetivos principais: ajudar a reduzir um passivo ambiental, que é crescente, o dos resíduos eletrônicos e ajudar duas ONGs de Passo Fundo, a ONG Amor e o Comitê da Cidadania. Para o professor, o maior problema é que os resíduos eletrônicos, ao contrários dos demais resíduos, não podem ser descartados em lixo comum, sendo essa prática, inclusive, crime ambiental. “O que a gente vê é a lata, o vidro e o plástico, mas tem muito mais coisa no computador, tem metais pesados, que não podem ser descartados em lixo normal, que devem ser tratados adequadamente”, explica. No Rio Grande do Sul existe uma única empresa, em Novo Hamburgo, que possui todas as licenças ambientais que pode receber um computador e aproveitar 100% dele com a qual o grupo tem parceria. Todo o material recebido é pesado e o dinheiro arrecado é repassado diretamente para as ONGs. O objetivo deste ano era alcançar 15 mil quilos.
Diferentes possibilidades para o que era lixo
Entre as questões levantadas pelo professor está a facilidade com que esse material, muitas vezes em boas condições de uso, é descartado. “Uma das questões que a gente tem conversado com as pessoas sempre é antes de trocar a impressora, trocar o computador, se perguntar realmente se é necessário fazer isso, porque muitos chegam aqui funcionando. A troca pela troca não se justifica. Então você tem um computador que pode ser utilizado por mais tempo”, lembra Teixeira.
Durante a ação, os computadores que chegavam em bom estado e com condições de uso, foram preparados para uma segunda chance. “Nós temos os alunos de Computação que estão testando alguns computadores que chegam, todos não tem como porque é muito, mas nós vamos montar um laboratório com 10 máquinas e fazer uma doação. Você pode reinstalar essas máquinas, colocar o Linux nelas e fazer elas viverem por mais tempo”, comenta. Além disso, quem passou por lá pode descobrir uma nova funcionalidade para os computadores velhos: a arte. “A Ivania Tissot é uma artista plástica que está como nosso parceira e está trabalhando aqui para que as pessoas possam se dar conta de que talvez possam transformar isso em arte. É um outro elemento”, lembra o professor.
Já para os mais ligados, o grupo também ofereceu oficinas-relâmpago de programação. Para Teixeira, essa inciativa tem a ver com criar um pouco da cultura da tecnologia, transformando as pessoas de meros usuários a produtores. “Porque o usuário compra, usa e coloca fora. A pessoa que exerce a criatividade compra, usa, programa computadores, recicla computadores”, alerta.
Confira a matéria completa na edição de amanhã do jornal O Nacional