Mais uma daquelas coisas que quem ama moda, como eu, não pode deixar passar. Está em cartaz nos cinemas do Brasil o filme Saint Laurent, uma biografia não autorizada de um dos maiores nomes da moda que já existiu.
Semana passada estive em Porto Alegre e na minha agenda, como um compromisso inadiável, estava assistir ao filme que conta a fase de vida mais criativa do meu estilista número 1, Yves Saint Laurent. Como em São Paulo não consegui ingresso para a pré-estreia, estava contando os dias e as horas para poder estar de frente à obra do diretor Bertrand Bonello, tão comentada mundo afora.
Já escalado para representar a França na categoria de melhor filme estrangeiro no Oscar de 2015, Saint Laurent faz pensar. Nos coloca de frente ao universo intenso e tenso do estilista. Seus problemas com álcool e drogas. Seu relacionamento conturbado com seu eterno companheiro Pierre Bergé. Suas orgias sexuais. E, seu caso extraconjugal com o modelo Jacques de Bascher, amante de Karl Lagerfeld na mesma época. Por essas razões, Bergé, cofundador da marca juntamente com Yves, e que cuida da herança cultural deixada pelo estilista, não colaborou em nada com o filme. Inclusive todas as peças de alta-costura que aparecem no filme foram recriadas do zero.
Saint Laurent, que se passa entre os anos 1967 e 1977, retrata o melhor momento profissional de Yves, mas também seu momento mais conturbado psicologicamente. Além disso, nos mostra a obsessão que o estilista tinha com a perfeição, suas fraquezas e as inseguranças de alguém que estava no auge de sua carreira e que não era feliz. Nos coloca frente-a-frente às angustias e questionamentos de alguém que não tinha controle da sua própria vida, e, que não sabia os rumos que as coisas poderiam tomar.
O filme não é um conto de fadas e não tem final feliz. A história de Yves é intensa como suas criações. O estilista era, antes de qualquer coisa, um artista. Sublime em suas criações, mas com conflitos internos pesados demais para suportar sua existência.
Vale lembrar que mais um filme sobre a vida do estilista foi lançado neste ano, em fevereiro, no festival de Berlim. Com direção de Jalil Lespert, “Yves Saint Laurent”, é mais romântico, não competiu em nenhum festival e não entrou no circuito de cinemas.