É doloroso ver até onde chega a perversão humana, quando olhamos a feição moral de agentes da saúde pública e particular e fornecedores que roubam o cidadão para lucrar com o implante de próteses. Além do saque aos cofres públicos e às vítimas que precisam de tratamento, atingem sarcasticamente a integridade física em nome do lucro. Todos são profissionais (?) altamente esclarecidos e bem remunerados pelo serviço. Mas decidem enriquecer por meio de pérfidas vilanias, reforçamos. Para condutas recentemente denunciadas na imprensa, sob investigação policial, pensei numa expressão forte. Veio-nos à mente a palavra pusilanimidade, que pensava mais severa do que se lê na sua origem etimológica. Na verdade fiz confusão com a palavra purulência, que termo que expressa acúmulo de pus. Pusilânime, proveniente do latim, “pusillanimis” – quer dizer “alma pequena”. Mesmo com minha capacidade interpretativa limitada permitimo-nos concluir que essas pessoas que quebram nossos ossos são realmente desalmados. Cecília Meireles nos socorre no “Romanceiro da Independência” ao gravar de pusilanimidade a traição de Joaquim Silvério dos Reis a Tiradentes: “melhor negócio que Judas, que traiu Cristo, mas logo encontrou uma figueira para se enforcar...”. Ter alma fraca ou se conduzir como um sem alma é pior que uma concentração de pus. E, repetindo, mais ainda quando essa conduta torpe é praticada por pessoas altamente esclarecidas.
Sem chance
A complexidade de uma cirurgia ou implante ósseo deixa o paciente refém de conhecimento a ponto de impedir às vítimas qualquer defesa. É fora de qualquer previsão exigir de um cidadão leigo defender-se de uma ação criminosa do médico ou outro agente de saúde como se fosse seu pior inimigo. O doente é um ser angustiado e precisa de ajuda. Dificílimo é defender-se de quem ostenta uma aura (Justa) de salvador. Diante de uma agressão tão sórdida é praticamente impedido de defender-se de um comportamento tão abjeto e pusilânime. Além do ato agressivo a horda da máfia das próteses não dá chance de defesa!
Retoques:
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É bom ressaltar que a grande maioria dos procedimentos pelo SUS resguarda credibilidade. Mas, as exceções denunciadas assustam!
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A missão do governo Dilma, além de manter a democracia e paz social, certamente terá que oferecer algo renovador no dever punitivo do estado. Sem um balanço favorável e bem claro sobre as punições, com urgentes medidas presidenciais, poderá ocorrer um descrédito que a mera boa vontade não supre.
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É indispensável citar a nova disposição de igreja Católica conhecida no Papa Francisco. Sua postura é despojada e enfrenta escaninhos desafiadores na hierarquia do Vaticano. Seu exemplo é grande reserva de grandeza humana que trazemos do ano passado para 2015.
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Outro nome que resume atitude em busca de equidade é o trabalho do ex-ministro brasileiro Joaquim Barbosa. Mostrou que o Judiciário pode melhorar muito na punição aos criminosos que infestam há séculos as elites nacionais.
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O ano que se inicia propõe algumas reflexões nas prioridades culturais. O status imposto na mídia comercial não pode esmagar conceitos básicos, ou consagrar inversões esdrúxulas como o crescimento descontrolado de adesão ao celular em detrimento da alimentação das famílias. Enfim, essas evidências da virada fictícia que transformam coisas de aparências temerárias em novas prioridades que apenas exaurem riquezas de um povo.
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É apreciável o princípio adotado pelas cortes judiciárias francesas de que não há possibilidade de nos defendermos sem atacar. Sim! Atacar a retórica parcimoniosa dos que empurram com a barriga a idéia de tomarmos o destino de nossa educação brasileira, sem omissão dos pais, da sociedade e do governo.
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A França está em choque com o atentado que resultou na morte de doze pessoas na redação do jornal “Charlie Hebbo”. Impressionante a precisão do ataque. Os terroristas de metralhadora entraram no jornal e invadiram a sala onde estavam reunidos os jornalistas em reunião de pauta. O presidente Hollande está apavorado!