Ao escrever sobre o povoamento do território pela raça branca, fatores pró e contra, evolução até 1856, ano que antecede a criação do município de Passo Fundo, Francisco Antonino Xavier de Oliveira talvez tenha sido o primeiro historiador a apontar o Sertão do Alto Uruguai como local de refugio. O registro em questão se refere ao Cacique Manoel Grande e seu grupo, após o assassinato de Clementino dos Santos Pacheco, proprietário da Fazenda Quatro Irmãos e alguns de seus funcionários. O mesmo historiador descreve que no período de 1890 a 1895, não há registro de qualquer entrada de imigrante no município, atribuindo tal fator a Revolução Federalista. O conflito que coloca os riograndenses em lados opostos entre os anos de 1893 e 1895 vai ter reflexos diversos no vasto “Sertão Uruguai”.
Realçando a importância da ferrovia que atravessa a região, ligando a sede do município a Estação Alto Uruguai, hoje Marcelino Ramos, Juarez Miguel Illa Font, na página 92 da obra “Serra do Erechim – Tempos Heróicos”, lembra que o topônimo original do local fora “Barra”, “assim batizado pelos primeiros moradores, a maioria refugiados da Revolução de 93”. O autor não cita a fonte, e dá a entender que a guerra civil faz da região um local de abrigo para aqueles que se sentem ameaçados pelo conflito.
Em que pese estar afastado da disputa política e militar, entrechoques irão ocorrer nesta parte do município de Passo Fundo durante o período revolucionário. O episódio é registrado por Illa Font do seguinte modo: “Da serra do Capo-Erê, próximo ao Arroio Teixeira, comandando 190 homens Veríssimo Ignácio da Veiga frequentemente ameaçava a cidade de Passo Fundo. Por isso a força legal incursionava pela serra a fim de batê-lo”. E prossegue: “Certa vez deu-se memorável combate conhecido pelos nomes de Guamirim ou arroio Teixeira, no qual os homens de Veríssimo, à falta de armas, usaram espadas feitas com a madeira de guamirim”.
Outra referência do autor de Serra do Erechim – Tempos Heróicos – sobre o tema se refere às lembranças de Raul Kurtz Barbosa, filho de João Barbosa de Albuquerque e Silva, lindeiro de Paulo Bento de Sousa, uma das mais antigas da região, na página 83: “No dia 16 de junho de 1893 os republicanos fizeram uma surtida contra os federalistas acampados no Tabuão, entre os quais foram mortos Jorge Pessoa, um seu filho e Vitorio Fanha. Os chefes legalistas eram o tenente-coronel Manoel Bento de Souza, major José Claro de Oliveira e capitão Alipio Ferreira Leão, que seria morto em combate no Rio Pelotas a 31 de março de 1894 quando a força do coronel Manoel do Nascimento Vargas perseguia a tropa de Gumercindo e Aparicio Saraiva”.
A guerra civil atinge diretamente o destino de Isac Barbosa, apontado como o primeiro branco a se estabelecer em Capo-Erê, no ano de 1868. João Germano Imlau, no Álbum do Município de Erechim, editado no ano de 1936 pela Livraria Modelo, registra que Barbosa era natural de São Paulo. E ainda: “teve, porém grandes prejuízos com a Revolução de 1893, morrendo paupérrimo em 1917”. Imlau afirma que Barbosa se refugiou na Argentina, retornando somente com o término da revolução.