A formação dos professores no sentido de criar um currículo crescente para a Educação nas escolas gaúchas, a fim de fazer com que o Rio Grande do Sul volte a ter crescimentos nos índices que medem o nível de conhecimento dos alunos é um dos desafios assumidos pelo novo coordenador Regional de Educação, Santos Olavo Misturini, empossado na segunda-feira em Porto Alegre. “Tanto o governador Sartori, quanto o secretário Vieira da Cunha, deixaram claro a todos os novos coordenadores que cada coordenadoria é uma sequência, um elo que mantém o governo como um todo na dinâmica d estado”, salienta.
Com isso em mente, durante a terça-feira (13), Santos e a coordenadora adjunta, Verônica Zanadrea, fizeram os primeiros contatos e definição de metas com a equipe que atua junto à 7ªCRE. “Fizemos, num primeiro momento, uma visita às salas para que todas as pessoas se sentissem a vontade. Em seguida apresentamos aos colegas algumas ideias básicas sobre os princípios da gestão, os desafios que teremos que enfrentar e de que forma o faremos”, completa Santos.
Dentre os vários desafios, um deles é o de eliminar a fragmentação: “entender que desde a pré-escola até o ensino médio é uma sequência de conhecimentos encadeados e não fragmentados”, salienta o coordenador. De acordo com ele, essa foi a primeira discussão com a equipe que em seguida partiu para a questão dos recursos humanos para as escolas. “Também discutimos que a partir de hoje (segunda) temos o término nas escolas da segunda etapa das matrículas e isso quer dizer que amanhã (terça) estaremos iniciando a organização dos recursos humanos a partir deste quadro que será apresentado pela Central de Matrículas”, destaca. Ou seja, verificar quais as necessidades de contratação de professores para cada escola, o que deverá resultar na publicação de um edital para a contratação de temporários, uma vez que a banca de concursados existente não será suficiente para atender toda a demanda.
Uma terceira questão foi o prazo para entrega de relatórios aos diversos provedores de recursos para as escolas, que se encerra no dia 20 de fevereiro. “Pela manhã trabalhamos com o pessoal do financeiro, porque nos últimos tempos as escolas recebem recursos de diferentes fontes. Estamos hoje com escolas assoberbadas de relatórios, algumas tem que apresentar sete, oito, dez relatórios em função das demandas que se organizaram. Para conferir tudo isso e não cairmos na inadimplência, os funcionários se prontificaram a fazer um plantão emergencial para atender tudo e evitar que o Cadin corte recursos”, ressalta.
Contratações
A partir de hoje será intensificado o trabalho referente à necessidade de contratação de recursos humanos para as escolas. Com a finalização do prazo de matrículas, será possível definir essas demandas. “Na reunião que tivemos ontem (segunda) em Porto Alegre, já nos sinalizaram da necessidade de organização prévia, porque a banca para nomeação que existe não atende mais todas as necessidades. A partir disso será lançado, em nível de estado, um edital para termos recursos humanos para atender as possíveis demandas e necessidades, mas como temos a presença da diminuição do número de alunos em muitas escolas, precisamos ter essa clareza para ver se de fato há esta necessidade”, comenta o coordenador.
Currículo de ordem crescente
Alinhar os currículos dos diferentes níveis de ensino deverá ser um dos principais projetos da pasta em todo o estado. Segundo Santos, a ideia não é desconsiderar o que já existe, mas mudar a forma de entendimento da sequência escolar. “O currículo precisa ser tratado numa dimensão de ordem crescente, porque dentro do nível do conhecimento, temos seis complexidades, ou seja: inicialmente você conhece um elemento; a partir do conhecimento vem a compreensão; a partir da compreensão começa a fazer a aplicação; quando você aplica, se entendeu, faz a análise; a partir da análise você faz a avaliação; e a partir da avaliação, faz uma conclusão: modificou ou não?”, avalia.
Um dos motivadores para essa previsão de mudança é a queda, tanto no estado como em Passo Fundo, do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). “A média do Rio Grande do Sul e de Passo Fundo, especificamente, caiu muito. E como fazer para retomar? Nós precisamos primeiro desconstruir o currículo interno de cada sujeito e fazer com que ele entenda que aquilo que ele está ensinando lá no terceiro ano do ensino médio teve uma gênese lá no primeiro ano. E se ele não conseguir entender esse ordenamento de crescimento, de complexidade, não consegue entender quando o aluno errou. O aluno erra e o professor não sabe qual foi o pressuposto e por quê ele apresentou aquela limitação para o posterior. Então vamos tentar convencer de que mesmo cada um tendo um currículo riquíssimo, estaremos sempre em constante transformação. Não estaremos trazendo coisas pomposas para a Educação, estaremos trabalhando para nos colocarmos como agentes do processo e não jogarmos a culpa em terceiros”, projeta.
Perfil
O novo Coordenador da 7ª Regional de Educação Santos Olavo Misturini tem uma trajetória de mais de 30 anos nesta área. Foi secretário municipal de Educação em Passo Fundo e Ernestina, professor de séries iniciais por mais de 30 anos, além de ter sido professor universitário, de ensino médio, de educação à distância, dentre outras funções sempre na área da Educação.