OPINIÃO

Brasil: desafios políticos e econômicos

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Em 1º de janeiro de 2011, no discurso da posse a Presidente Dilma prometeu “manter a estabilidade econômica como valor absoluto. Já faz parte de nossa cultura recente a convicção de que a inflação desorganiza a economia e degrada a renda do trabalhador. Não permitiremos, sob nenhuma hipótese, que está praga volte a corroer nosso tecido econômico e a castigar as famílias mais pobres”. Para manter a inflação controlada o governo federal desalinhou o setor energético, e em um pronunciamento a nação reduziu-se a tarifa da energia elétrica em 2012 em cerca de 20%, sem levar em consideração a oferta de energia para sair da enrascada em que se meteu.

Nas eleições de 2014, no primeiro turno o slogan de Dilma era “com a força do povo”, mas durante a campanha, detectou-se que o povo queria mudança, então a equipe de marketing da Presidente Dilma, mudou o slogan para o segundo turno “governo novo, ideias novas”. Pois bem parece ter dado resultado: venceu as eleições.

Tais ideias novas, foram reverberadas pelo Ministro Chefe da Casa Civil Aloizio Mercadante no apagar das luzes do ano de 2014, as medidas anunciadas alteram o pagamento do abono salarial, seguro-desemprego, pensão por morte, auxilio doença e o chamado seguro-defeso, pago a pescadores profissionais. O objetivo das mudanças buscam adaptar as políticas do Fundo de amparo do Trabalhador (FAT) e da Previdência à nova realidade do mercado de trabalho brasileiro, permitindo a manutenção dos direitos dos trabalhadores e de políticas sociais. “Estamos preservando todos os direitos sociais, trabalhistas e previdenciários. Todas as mudanças respeitam integralmente todos os benefícios que já estão sendo pagos. Não há alteração para trás”, afirmou Mercadante (Portal Brasil, 2014).

Porém a maior mudança é imperceptível aos olhos da maioria dos brasileiros e, tem a ver com o modelo de política econômica a ser seguida. A Presidente Dilma, rompeu com a política econômica do PT, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas, considerada dentro de estudos do social-desenvolvimentismo), que foi implementada nos seus primeiros quatro anos de mandato quase custou a reeleição.

Ao optar por Joaquim Levy, optou-se pela Universidade de Chicago, que é conhecida por ser uma escola do pensamento econômico que defende o mercado livre. Suas ideias estão associadas a teoria neoclássica de formação de preços e ao liberalismo econômico. Porém Levy, parece ser habilidoso ao ponto de fazer um equilíbrio entre a teoria econômica ortodoxo e as necessidades do Brasil atual, não deixa de ser um ministro técnico, mas com capacidade de entender a situação política que está ai, as políticas sociais, e a formação de uma classe média mais robusta.

Os desafios políticos ficam por conta da formação do novo ministério da Presidente Dilma, a maioria formada por ministros sem expressão, os critérios adotados para a formação do seu ministério com exceção da área econômica foi extremamente político, a Presidente busca com o novo ministério maioria parlamentar sólida tendo em vista os desdobramentos da operação lava jato e os possíveis desdobramentos políticos que serão desencadeados após a denúncia de parlamentares por terem recebido dinheiro oriundos das malfeitorias da Petrobras.

A grande plateia, o povo brasileiro deve ficar atento não somente ao ministério, mas ao segundo escalão da máquina federal, que é composto por estatais, bancos públicos, autarquias, é nesse quinhão do orçamento federal que as lideranças dos principais partidos da base governista estão de olho, é nesse espaço que existe margem maior para falcatruas e troca de favores.

Enfim, nem tudo está perdido, em 2015 poderemos comemorar os 30 anos de regime civil democrático, sendo ele a data do colégio eleitoral que elegeu Tancredo Neves ou a posse de José Sarney como Presidente da república. Poderemos ficar mais tranquilos mas não menos atentos na condução da política e da economia, parece-me que teremos menos trapalhadas na economia e as medidas anunciadas tem um objetivo relevante que é alcançar um equilíbrio fiscal possível o que permitiria atrair investimentos e retomar o crescimento econômico. Quanto a política essa sim é de se preocupar, pois os sinais emitidos não são de mudança e sim de continuidade.

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