Sem água e com uma população maior que muitos países, São Paulo vive período dramático, em plena cheia no território gaúcho. Demorou a decisão do governo paulista em decretar estado de emergência. A contracena merecia providências do governo, antes mesmo do período eleitoral. Mas, conversa vai, conversa vem, o parecer dos técnicos foi sobreposto. Agora até as lágrimas devem ser economizadas, ou recolhidas em tempo para torná-las água reciclável. Sabemos que toda a tecnologia da mais tecnológica das capitais será pouca para o momento de sede e limpeza de um verão rigoroso. Temos hoje, agora, uma São Paulo prostrada ante a própria limitação no embate contra as regras naturais. O ar ressequido junta-se ao clima de ansiedade por água...simplesmente, água, e nada mais!
Cobrança ilegal
Ecoou forte a sentença proferida pela juíza de Santa Bárbara, Marilene Parizotto Campagna, que condenou o médico Luiz Carlos Michell, a 27 anos e dois meses de reclusão em regime inicial fechado, perda do cargo público e pagamento de reparação pelas cobranças indevidas. As despesas ilegalmente cobradas são de honorários médicos e procedimentos cirúrgicos. Conforme a denúncia do MP, de 2009 a 2010 o médico realizou cobranças ilegais de gestantes para a realização de partos pelo SUS. Exigia valores extras mesmo sendo remunerado pelo sistema oficial. Sua defesa alegou que o profissional tivera atuação recomendável durante 23 anos.
Crime de Concussão
Ao analisar o processo a juíza concluiu que o réu, no exercício da função médica pelo SUS, cometeu crime de concussão, além de fatos agravantes de constrangimentos financeiros às mães prestes da dar a luz. Foram 25 testemunhas de nove casos apreciados, que confirmaram que o médico fazia exigência financeira.
Agravamento
De acordo com a notícia do TJRS, a sentença destaca peculiaridades perversas do médico. “O réu aproveitou-se da situação de vulnerabilidade em que se encontravam as vítimas, prestes a dar a luz a seus filhos, para cobrar os valores indevidos, devendo sofrer maior reprimenda penal. Além disso demonstrou total desprezo com seus semelhantes, chagando a afirmar que ‘pobre’ não teria o direito de ter filhos e não se comovendo com o sofrimento físico das vítimas”. A meticulosa sentença consta no processo nº 021/21000006143. O réu pode recorrer em liberdade.
Reflexão
O interminável escândalo das próteses e implantes de molinhas nas artérias, e alguns casos surgidos com notoriedade na imprensa indicam necessidade de reflexão. Sem dúvida, ainda que seja preservada a aura que distingue a classe médica, é certo que alguns comportamentos estão exigindo cuidado, com perda do índice de intocabilidade da categoria.
Mais Médico
Foi proclamado na imprensa um alerta severo de possíveis prejuízos aos beneficiários dos atendimentos pelo SUS, logo que o governo anunciou contratação de médicos estrangeiros. Parece que o problema não está nos novos contratados. E a gente se pergunta o que faz um profissional chafurdar na ilegalidade, mesmo sendo bem remunerado pelo Estado?
Não mate Verônica
A humanidade comete coisas abomináveis e quer sustentar seus erros em valores cívicos ou religiosos. O episódio narrado pelo evangelho, onde lemos que Verônica enxuga o rosto de Jesus Cristo, talvez simbolize o primeiro retrato real da agressão. Cristo teria deixado sua estampa numa toalha utilizada por verônica. Certamente era um rosto, desfigurado, cuspido, ferido com espinhos, ensangüentado. Este ultraje foi de extrema violência. Mesmo assim, Cristo seguiu sua via de sofrimento até suspirar na Cruz e dizer: “Elly, Elly! Lama sabachtani” - Pai, perdoai-lhes por que não sabem o que fazem! Será que os homens entenderam isso? O atentado covarde que matou cartunistas franceses chocou o mundo. Todos nós queremos protestar contra a violência que tortura ou tira vidas. No momento, no entanto, a Europa toda também precisa descomprimir a xenofobia pelo desconforto ante as conquistas sociais da França, Itália, Alemanha, Holanda, Inglaterra e assim por diante. A ojeriza aos árabes não justifica os assassinatos. Mas é hora de não jogar combustível na fogueira.