Durante o final de semana, 17 e 18, a comunidade islâmica de Passo Fundo e região teve a oportunidade de integração entre as famílias através da oração e de, ainda, aprofundar o conhecimento da crença. Promovido pela Sociedade Beneficente Muçulmana de Passo Fundo, em parceria com a WAMY – Assembleia Mundial da Juventude Islâmica – o encontro aconteceu através de palestras, seminários e momentos de lazer.
Formada por mais de mil pessoas, a comunidade islâmica de Passo Fundo começou a crescer a partir de 2002, quando famílias vieram para a cidade para trabalhar em empresas do ramo alimentício. De lá pra cá, se expandiu: a Sociedade nasceu, se estruturou e a partir de 2011 começou a se encontrar na Mesquita. Hoje, além de fortalecer os laços entre a comunidade, acolhe os imigrantes muçulmanos que chegam na cidade e os ajuda a vivenciar a crença. A presença dos muçulmanos no Brasil não é recente. Muitos muçulmanos vieram para Passo Fundo para trabalhar e aos poucos, as pessoas viram essas pessoas e ficaram curiosas e com isso houve um crescimento de pessoas que se tornaram muçulmanas”, comenta Ahmad Mazloum, vice-diretor da WAMY no Brasil.
Com o crescimento da crença, houve a necessidade cada vez mais crescente de encontrar formas capazes de orientar os muçulmanos. O seminário deste final de semana é uma das alternativas encontradas: “O objetivo é trabalhar na educação dos jovens muçulmanos e no ensino da religião islâmica. Também trabalhamos no esclarecimento da religião islâmica a quem tem interesse”, inicia o vice-diretor. “O principal objetivo é conscientizar os jovens sobre a religião islâmica. Assuntos de higiene, de adoração, de família, de leis e regras”, acrescenta ele.
Caracterizada como uma religião missionária, Ahmad comenta que o islamismo cresce a partir dos convites individuais de membros que já participam da crença. “Em primeiro lugar eu, como muçulmano, devo conhecer a minha religião. Depois praticar e depois convidar: se eu creio que é um bem para mim eu devo desejá-lo para o outro”, enfatiza. Para participar, explica ele, é preciso entender como funciona o Islamismo: “O principal ponto da crença islâmica é adorar a Deus e somente a ele. É preciso acreditar, também, que Mohammad é mensageiro de Deus, enviado para convidar as pessoas a conhecerem a deus. Se crê em Deus, nos anjos, que Deus enviou mensageiros para orientação da comunidade, já pode se tornar muçulmano”, comenta.
Sobre a França
Com os acontecimentos recentes na França, que envolvem o terrorismo, a liberdade de expressão e a crença islâmica, Ahmad comenta que a comunidade islâmica está apreensiva. “Nós estamos muito apreensivos. Repudiamos qualquer tipo de violência que acontece contra inocentes. Tentamos conscientizar os nossos jovens de que isso que aconteceu na França, acontece todos os dias com milhares de pessoas em todas as partes do mundo”, comenta. Ele acrescenta, também, que é importante pensar em um cenário amplo e não apenas focalizado em Paris. “Já se tornou banal a morte de pessoas no Oriente Médio, por exemplo. Não podemos falar desse acontecimento específico sem falar de outros acontecimentos que estão no mundo inteiro. Religiosamente, repudiamos isso. Lamentamos as mortes, mas temos que lembrar de todos os inocentes que morrem em todas as partes do mundo”, conclui.