HSVP: 61 órgãos captados e 82 transplantes

Outro fator que contribui para a diminuição das doações e por consequência os transplantes é a negativa familiar.

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Os procedimentos para a comprovação da morte encefálica são totalmente segurosOs procedimentos para a comprovação da morte encefálica são totalmente seguros
Os procedimentos para a comprovação da morte encefálica são totalmente seguros
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O Hospital São Vicente de Paulo registrou em 2014 a doação oito fígados, 24 rins, e 29 córneas. O número foi menor do que em 2013, onde foram captados sete fígados, 16 rins e 80 córneas. Em relação aos transplantes, em 2014 foram realizados 12 de fígado, 12 de rins e 58 de córneas, número que variou pouco em relação a 2013 onde 67 transplantes de córnea, 14 de fígado e 11 de rim, foram efetuados. O coordenador da Organização por Procura de Órgãos e Tecidos (OPO4- RS), Cassiano Crussius destaca que os acontecimentos de 2014, Copa do Mundo e eleições, contribuíram para a estabilidade do número de doações. Segundo ele, as pessoas deixam um pouco de lado a preocupação com esses assuntos. “Realizamos as campanhas permanentes buscando incentivar a doação e fazer com que as pessoas e famílias conversem sobre o assunto. Nos últimos dois anos os números se estabilizaram mas esperamos que esse ano nos tenhamos um aumento”, relata o neurologista.

Outro fator que contribui para a diminuição das doações e por consequência os transplantes é a negativa familiar. Conforme explica Cassiano, a única forma de ser um doador é manifestando o desejo a sua família, já que é esta quem autoriza a doação dos órgãos. “Na nossa região existe um quantitativo alto quanto a negativa familiar a doação. Os motivos são muitos, mas o principal é a falta de conversa sobre a doação e também os receios da família em relação a morte encefálica. É preciso deixar claro que, os procedimentos para a comprovação da morte encefálica são realizados por uma equipe multiprofissional especializada e são totalmente seguros”, salienta o especialista reforçando ainda que morte encefálica e coma são diferentes, onde no coma a pessoa está em estado vegetativo e na morte encefálica o cérebro está parado, ou seja, não há mais atividade cerebral.

A enfermeira da OPO4- RS Fabiana Dal Conte também reforça que a conversa com a família é a melhor forma de expressar o desejo da doação e facilitar a decisão da família. “Apesar de todo o sofrimento que a família está passando pela perda de um ente querido, eles precisam entender que, podem fazer o bem para outras pessoas que estão na fila por um trasnpalnte. Quando a doação é manifestada ou não em vida, a decisão se torna mais fácil para a família que está consternada pela perda”, esclarece Fabiana.

Um elo pela vida
"Desde pequena ouvia minha mãe dizer que não queria morrer velha e que, quando acontecesse poderíamos doar todos os seus órgãos. Ela repetiu isso uma dezena de vezes. No dia 18 de maio de 2007, ela completou 42 anos. Estava feliz aquele dia, almoçamos todas juntas. No final de semana ainda saiu com as amigas para comemorar. Na segunda-feira, dia 21, ela levantou cedo e não se sentiu bem. O socorro veio logo, mas já não foi possível fazer muita coisa, ela teve um infarto fulminante. Os médicos tentaram reanimar e eu segui com ela de Cruz Alta, onde morávamos, até Passo Fundo, porém não teve jeito, ela não resistiu e faleceu a caminho. Minha tia e meu marido demoraram quase duas horas para nos alcançar e chegar até Passo Fundo. Sozinha e sem ninguém pra abraçar lembrei do que inúmeras vezes minha mãe havia dito, não quero olhar no espelho e ver uma idosa. Quando eu morrer vocês podem doar todos os meus órgãos. Um dia vai passar alguém e vocês vão poder dizer olha, aqueles eram os olhos de minha mãe estarei viva em muitas pessoas”, relata emocionada Janaína Scheimer, 32 anos, de Cruz Alta, a história da doação dos órgãos de sua mãe. A conversa e o desejo manifestado em vida pela mãe de Janaína fizeram a diferença na hora da decisão.

Campanha permanente
Com o objetivo de despertar a consciência coletiva, o HSVP realiza permanentemente a campanha Doe Órgãos - Uma corrente pela vida, que faz um apelo para que as pessoas participem desta corrente pela vida, tendo a percepção da doação pela necessidade do ser humano e não apenas pelo sentimento da morte. Dúvidas e questionamentos podem ser sanados através do fone (54) 2103 4058 ou pelo [email protected].

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