As chuvas frequentes e com grande volume têm trazido à tona um problema que embora não seja novo, tem sido esquecido por muitos agricultores: a erosão. O solo despreparado para suportar o maior volume de água acaba sendo lavado e perde, com isso, sua parte mais fértil, bem como os fertilizantes utilizados no preparo para receber as culturas a serem implantadas. A falta de adoção de técnicas de produção que visem à conservação tem como resultado o empobrecimento do solo, menor potencial produtivo, agravamento da compactação e a soma de prejuízos a longo prazo. Nesta matéria dividida em duas partes especialistas explicam quais os problemas causados pela falta de cuidados adequados e quais as alternativas para manter o solo sempre com bom potencial produtivo.
Embora o Plantio Direto (PD) tenha trazido muitos benefícios para a agricultura na região, ele sozinho não consegue dar conta de todos os problemas relacionados ao desenvolvimento sustentável da agricultura. Quem explica são os pesquisadores da Embrapa Trigo e da UPF, respectivamente, José Eloir Denardin e Pedro Escosteguy.
Denardin explica que a erosão presente em áreas manejadas não foi e não está sendo estancada pelo PD e vem se tornando uma rotina preocupante, sustentada apenas pelos bons preços das commodities. “Contudo, os prejuízos decorrentes das perdas de insumos, com ênfase para calcário e N-P-K, são irreparáveis, e a consequente contaminação e poluição ambiental que provocam, bem como o aumento do escoamento superficial em detrimento da infiltração de água no solo, estão prestes a serem cobrada pela sociedade como um todo”, alerta.
O professor da UPF, Escosteguy, acrescenta que a adoção parcial de práticas conservacionistas, ou o pouco reconhecimento da importância destas por parte de muitos produtores, tem colocado em risco a produção de altos rendimentos de grão, principalmente, no verão. “No caso da soja, os impactos negativos da falta de água (estiagem) na produtividade desta cultura é maior em solos manejados sem estas práticas, ou com a adoção limitada delas, comparados a solos onde estas práticas são intensificadas e priorizadas, sendo isso observado após muitos anos de adoção das práticas conservacionistas”, enfatiza. Conforme o professor Escosteguy o PD ajudou a evitar a erosão, a aplicação de muitos herbicidas e a degradação da estrutura do solo. No entanto, isoladamente, sem a adoção das demais práticas conservacionistas, o PD pode gerar os problemas como compactação, perda de fertilidade do solo, perda de nutrientes por enxurrada e perda de potencial produtivo.