Em 2015, vamos comemorar 30 anos do regime democrático, desde a eleição de Tancredo até a posse de Sarney, vivemos initerruptamente um regime de plena democracia, de universalização dos serviços públicos e de direitos, de grandes reformas econômicas, da estabilidade do plano real e principalmente um período em que as instituições democráticas estão funcionando e ainda 21 anos de polarização entre Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).
O PT não votou em 1988 a atual Constituição Federal, recusou-se a participar do Governo de Itamar Franco, foi contrário ao plano real, contrário a Lei de Responsabilidade Fiscal, contrário às privatizações, contrário a corrupção, na verdade até chegar ao poder intolerante com a mesma, durante os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso (FHC) exerceu uma oposição implacável ao governo, repercutindo no Congresso Nacional e em todos os espaços públicos as capas das principais revistas e jornais nacionais com denúncias de corrupção.
O PSDB, surgiu de uma ruptura com o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), seus quadros fundadores são do Estado de São Paulo e formados por intelectuais, liderados por Mario Covas e Fernando Henrique Cardoso, entre tantos outros quadros. A diferença é que esses quadros aprovaram a constituição, participaram do Governo Itamar, deram continuidade ao programa de privatizações iniciados com Collor, reestruturam o sistema financeiro nacional, propuseram a lei de responsabilidade fiscal, e principalmente estruturaram e colocaram em prática o plano de estabilização econômica, o plano real.
Os escândalos no governo FHC foram vários, com um cardápio variado, caso SIVAM; pasta rosa, grampos telefônicos sobre as privatizações; nomeação de genros para agências reguladoras, crise energética; loteamento político de ministérios, empresas públicas, autarquias, fundações; PROER e PROES entre outros.
No governo Lula, que venceu com o slogan “a esperança venceu o medo”, vários foram os escândalos, mensalão, aloprados, aparelhamento da máquina pública por sindicalistas, loteamento de ministérios em troca de apoio político, de criação de mais estatais para acomodar companheiros, da criação por meio de patrocínios estatais da mídia alternativa entre tantos outros acontecimentos.
No período de FHC, ele e seu partido acusavam o PT e Lula de exercer uma oposição baseada no quanto pior melhor, de não ter um projeto de país, nada de alternativa reais para apresentar a nação. No período de Lula e do PT somando ao período de Dilma e do PT, os mesmos demonizaram o PSDB, FHC e Aécio Neves, ao ponto de acusar que ambos torcem pelo quanto pior melhor e de não ter um projeto para o Brasil e de Aécio Neves declarar “precisamos varrer o PT do governo”.
Ao escrever essa coluna, busquei lembrar de várias passagens que marcaram esse período de acordo com minhas memórias. E pasmem, encontrei vários pontos em comum: tanto FHC quanto Lula e Dilma, tiveram e ainda têm o apoio de Sarney e seu clã, Maluf, Renan e das oligarquias do nordeste e ambos culpam São Pedro pela falta de chuvas e consequentemente pelo racionamento energético vivido em 2001 e pelos apagões controlados de 2014 e 2015.
De fato a crise é a energia. A falta de energia no Governo FHC energizou a campanha do então candidato Lula do PT. Sim, a crise é a energia, energia que falta para a oposição em percorrer e apresentar um projeto para Brasil. Energia que sobra ao PT, ao Lula e a Dilma, que apesar dos reveses na economia, das trapalhadas políticas ainda encantam a maioria dos brasileiros. Passados quase 21 anos de brigas e disputas políticas, o povo brasileiro parece que terá que conviver com essa dicotomia por mais algum tempo, tempo esse em que a cada quatro anos deveremos escolher o menos pior sendo vedado ao povo brasileiro o direito de escolher o melhor para o Brasil. Quem serão os líderes do futuro? Como será o Brasil sem FHC e Lula? Como seriam as eleições no Brasil sem essa polarização? Com a palavra você!