Entre a luz e a sombra

Perspectivas pessimistas para 2015 é de desestimulo de investimentos, elevação de impostos, desemprego, queda no consumo e a volta da inflação. Expectativas são menos pessimistas para agronegócio

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O ano de 2014 não foi bom para os trabalhadores, empresas, indústrias e para os governos e 2015 começa em um panorama menos otimista para os negócios, mas com impactos previstos em praticamente todos os setores da economia local, regional e nacional. Um dos sinais que evidenciam que haverá cautela nos investimentos foi retratada em recente pesquisa realizada pelo Sebrae (RS), que apontou o pior índice de expectativas dos pequenos negócios gaúchos, chegando a apenas 58,04 pontos em uma escala de zero a 100, conceituada entre “muito pessimista” para o mínimo e “muito otimista” para o máximo. No último trimestre de 2014, a apuração havia resultado em 63,7 pontos, isto é, uma queda de pouco mais de cinco pontos. O mesmo comportamento de cautela sobre otimismo veio de todos os setores: 57,49 na indústria, 58,36 no comércio e 57,67 nos serviços. 

Segundo o economista e professor da Universidade de Passo Fundo, Julcemar Zulli, fatores políticos - como a reeleição da Presidente Dilma Roussef e as denúncias de corrupção no governo – , econômicos internacionais e a falta de estratégias do poder público podem ser atribuídas à desaceleração da atividade econômica registrada no ano passado e com sinais para se potencializar neste ano. “A falta de estratégias do governo fez com que um volume elevado de recursos estrangeiros fosse retirado do país com medo das possíveis ações que obviamente seriam adotadas, gerando diretamente uma desvalorização do real perante o dólar. Esse comportamento causou elevação do câmbio para o patamar superior a R$ 2,70/dólar, elevou os preços dos bens e serviços importados, repassados para o produtor ou para o consumidor e, assim, temos efeitos negativos no nível de preços da economia: inflação”, explica.

Mas será que há uma luz no túnel?

No agronegócio, sim
Para o economista, o agronegócio, que tem salvado a produção brasileira, passará por um ano de quedas nos preços, principalmente, do soja, associado à elevação dos custos de produção, visto que grande maioria dos fertilizantes são importados. Porém, o milho e a carne bovina poderão surpreender e forçar ganhos econômicos para o setor e consecutivamente, para o Brasil, pois apresentam competitividade no mercado internacional e com a desvalorização do real aumentam as exportações desses produtos.

O economista lembra que o agronegócio já salvou a produção brasileira em outros períodos críticos, mas alerta que apesar da sua força, alguns produtos poderão ser prejudicados com quedas nos preços. “O valor pago pelos produtos pode variar negativamente pois está associado à elevação dos custos de produção, visto que grande maioria dos fertilizantes do agronegócio são importados”, explica. Por outro lado, ele aposta em ganhos maiores nas vendas externas de milho e a carne bovina. “Eles poderão surpreender e forçar ganhos econômicos para o setor e consecutivamente, para o Brasil, pois apresentam competitividade no mercado internacional e com a desvalorização do real aumentam as exportações desses produtos”, prevê.

O Engenheiro Agrônomo da Emater (RS), Luiz Ataídes Jacobsen, concorda com as previsões de Zilli. “De uma maneira geral, o agronegócio brasileiro e, sobretudo o gaúcho, devem trazer um pouco mais de fôlego no meio desta crise por causa do alto patamar do dólar frente ao real. Acredito em um ano positivo para os produtores de soja, milho e carnes, especialmente porque grande parte do que é produzido é exportado. Um dólar mais forte, valendo da faixa de R$ 2,7 é melhor para o setor, do que a moeda valorizada como passamos em outros períodos. Claro, que uma moeda mais desvalorizada também implica em insumos mais caros, mas ainda compensa ter um valor maior do produto porque se torna mais positivo para os negócios externos”, afirma o engenheiro agrônomo. Analisando as perspectivas mais regionais, Jacobsen alerta que dois setores podem ter resultados negativos em 2015. “Talvez as indústrias de máquinas agrícolas e os produtores de leite devem enfrentar um pouco mais de dificuldade”, alerta.

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