Roupa suja se lava jato em casa
O procurador geral da República Rodrigo Janot, acompanhado por uma equipe de procuradores, viajou aos Estados Unidos para contatar com autoridades e empresas de negócio ligadas à Petrobras. A missão, certamente, é tomar conhecimento de fatos e documentos, visando agilidade no inquérito Lava Jato. A incursão também funciona como postura recomendável relacionada ao dever da autoridade brasileira, atenta ao velho adágio popular de que roupa suja se lava em casa. É previsível que os instrumentos de investigação nos EUA sejam mais velozes, também por mais específicos de parta das transações temerárias que atiçaram a investigação para a enorme teia de corrupção que contaminou os rumos da Petrobras. Ao recolher a trouxa de roupa suja espalhada nos escaninhos dos escritórios da estatal, a postura é entendida como aceleração de uma resposta para elucidar o maremoto de denúncias e resgatar seriedade. Se não fosse assim, estaríamos muito expostos às surpresas diante da investigação norte-americana gerando mais intensa vergonha para nossas instituições brasileiras. Saliente, portanto, a expectativa de competência e austeridade em relação às denúncias, para a transparência do processo, que ainda pende de algumas revelações. A atitude deve, ainda, dar maior segurança à denúncia, evitando-se acusações infundadas que atrapalham e maculam nomes indevidamente arrolados. Não está descartada, contudo, a possibilidade de, em meio a tanta roupa emporcalhada, encontrar-se a cueca original disso tudo. Com perdão da disfemia, é uma m... federal, que não adianta tentar esconder.
Dos efeitos
No episódio de corrupção na Petrobras temos vários efeitos danosos. O roubo, a redução de investimentos com retirada de terceirizadas em projetos e o desemprego. A imagem da empresa deve receber uma nova pintura, depois de jatos de responsabilização e punição. É bom lembrar que a Petrobras é o grande trunfo brasileiro, os quadrilheiros que assaltaram seus cofres é outra coisa.
Cara de bandido
Alguns vícios, ou falta de decoro ainda permeiam expressões de oriundos dos cursos de comunicação que não alertaram alunos para o perigo da linguagem discriminatória. Há casos de alusão preconceituosa em sites renomados. Exemplo é a narrativa de um assalto praticado por quatro pessoas, “um deles branco”. Noutra notícia a mesma conotação velada: cidadão foi atropelado por uma Mercedes. Como se o carro fosse uma personagem indefectível. E mais, o escrevente lançou cortina de fumaça sobre o cerne da questão, pois o motorista (rico) estava bêbado e em alta velocidade. Pois é! Não importa se rico ou pobre: bêbado é infrator bêbado. Neste caso, a ênfase descritiva do fato, nem tão subjetiva, e mais revela a falta de bom senso de quem escreve. Ainda temos o estigma policialesco e a influência lombrosiana pesando sobre agentes da opinião.
Retoques:
* Recomenda-se a leitura da síntese literária publicada em ON, sobre a tragédia de Auschwitz (há 70 anos), do professor José Ernani. Por todas as razões é uma preciosidade.
* O marrento presidente da Venezuela agrava a situação com mais um erro de foco. Além da crise pela falta de alimentos que sempre atormentou o país, agora cresce a censura aos órgãos de imprensa. El Universal e Últimas Notícias estão sob pressão velada. O jornalista é o primeiro a ser demitido, mas leva a informação, a mágoa e a revolta. El Nacional ainda mantém espaço de crítica ao governo Maduro, mas foi ameaçado por ministro que supostamente é ligado ao tráfico. Com a queda na cotação do petróleo, a riqueza Venezuelana, o presidente fica sem dinheiro. E já está Maduro demais.
* Ficou famoso pela habilidade em furar a fila como esperteza. Nem era considerado sujeito ruim, até simpático. Um dia não pode jactar-se de furar a fila. Passou na frente de todos na emergência do SUS. Não voltou com vida. Foi sua última façanha.