O Conselho Tutelar de Passo Fundo adere a mobilização nacional e paralisa as atividades nesta quinta-feira (12). O órgão funcionará apenas em regime de plantão. O ato é em repúdio ao assassinato dos conselheiros tutelares Carmem Lucia Silva, Daniel Farias e Lindenberg Nobrega no último dia 6 de fevereiro, no município de Poção, em Pernambuco. A paralisação visa sensibilizar a comunidade local e as autoridades governamentais para os graves riscos aos quais os conselheiros estão submetidos ao buscar a defesa dos direitos das crianças e adolescentes.
A morte dos conselheiros em Pernambuco é considerado pela categoria o resultado mais grave já obtido através das distorções das atribuições do Conselho Tutelar. O risco enfrentado pelos conselheiros tutelares é grande, por isso, eles querem chamar a atenção da sociedade. “Estamos apoiando a mobilização nacional em repúdio ao assassinato dos colegas em Pernambuco e reivindicamos maior segurança no trabalho, melhor estruturação do Conselho Tutelar e melhor pagamento de salário”, explicou o conselheiro tutelar, Glauco Franco.
Em Passo Fundo, os conselheiros não recebem adicional de insalubridade. “Nossos motoristas recebem insalubridade por trabalhar com pessoas em vulnerabilidade social, mas nós que somos conselheiros não ganhamos. Lidamos com situações de violência e abuso e, muitas vezes, não somos bem recebidos durante as visitas. No ano passado, um colega nosso foi agredido ao averiguar uma situação em uma residência e o carro foi apedrejado”, revelou o conselheiro.
O Conselho Tutelar no município é formado por duas microrregiões e possui cinco conselheiros titulares em cada uma delas. Possui dois funcionários concursados, dois terceirizados na área administrativa, uma recepcionista, uma telefonista, e está em andamento a contratação de três estagiários. Além disso, a sede do Conselho possui vigilância armada. Quando necessário, os conselheiros acionam a Brigada Militar para realizar as visitas.
A demanda de procedimentos no órgão é considerada exorbitante no município. Cada conselheiro tutelar é encarregado por 500 a 600 procedimentos administrativos. Cerca de 40 atendimentos são realizados diariamente. Por esse motivo, os conselheiros solicitam ao município a criação de mais um Conselho Tutelar. “A demanda cada vez aumenta mais. A mobilização é pra mostrar para população e autoridades o trabalho que vem sendo feito e também para ver se conseguimos ampliar o conselho para que a demanda seja redistribuída”, explicou Franco.
