OPINIÃO

Doenças sexualmente transmissíveis e o Carnaval

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Julio César Stobbe é Coordenador do Curso de Medicina da UFFS e Vice Diretor Médico do HSVP

As Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) constituem-se em um problema de saúde pública mundial. Seus números reais são imprecisos, porém sua ocorrência é real. Estima-se em 17% da perdas econômicas por doenças em países em desenvolvimento. A vergonha e os tabus relacionados às DSTs constituem-se no maior agravante de sua ocorrência.

A ocorrência de Sífilis Congênita no Brasil está aumentando e em nosso serviço de maternidade seu diagnóstico em gestantes é uma realidade quase cotidiana. Das DSTs atendidas em ambulatórios, no Brasil, aproximadamente 15% são de etiologia bacteriana e 42% de natureza viral. Das DSTs de natureza viral o HPV (Papilomavírus humano ou Condiloma acuminado) é a mais frequente (importância da vacinação dos jovens) e posteriormente o Herpes Vírus.  Ter uma DST aumenta em até 18 vezes a chance de adquirir o vírus do HIV e portanto a necessidade de fazer o Teste Rápido para rastreamento na rede de saúde.

Importante relatar que entre jovens de 15 a 19 anos a transmissão do vírus do HIV é maior entre meninas do que meninos. Fato esse que demonstra a extrema importância da orientação franca dos jovens durante consultas, de forma individual, pois muitas vezes a presença dos pais pode servir como fator de inibição, principalmente quanto à atividade sexual. Assim a importância de orientações sobre o uso do preservativo nessa população.

A incidência do vírus do HIV na população em geral, em nosso país, é de aproximadamente, de 20,2 casos por 100 mil habitantes/ano. E, em praticamente todas as regiões, esses números, ao contrário do que se pensa, estão aumentando de forma considerável (Gráfico 1 ). A faixa etária em que a aids é mais incidente, em ambos os sexos, é a de 25 a 49 anos de idade. Chama atenção a análise da razão de sexos em jovens de 13 a 19 anos. Vale a pena frisar que essa é a única faixa etária onde o número de casos de aids é maior entre as mulheres.

Gráfico 1

Quanto à forma de transmissão entre os maiores de 13 anos de idade, prevalece a sexual. Nas mulheres, 86,8% dos casos registrados em 2012 decorreram de relações heterossexuais com pessoas infectadas pelo HIV. Entre os homens, 43,5% dos casos se deram por relações heterossexuais, 24,5% por relações homossexuais e 7,7% por bissexuais. O restante ocorreu por transmissão sanguínea e vertical. Os números, certamente assustadores, podem também representar que o estímulo ao rastreamento com testes rápidos contribuíram para que se obtenha o aumento do número de casos. E, outra possibilidade é a redução nos cuidados de prevenção. 
Fevereiro temos o feriadão das festas do Carnaval. Alegria, sorrisos bonitos, corpos esculturais, alegria e, sem tabus: sexo! Mas, é claro, de forma segura, uso de preservativo é ainda a melhor forma de prevenção das DSTs, dentre elas o HIV e outras surpresas. O preservativo também redução a proliferação das DSTs, então com múltiplos benefícios: use o preservativo e tenha boas festas!

 

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