Por muito pouco a escola de samba pentacampeã do carnaval de Passo Fundo não fica fora do desfile deste ano. A decisão já estava tomada, mas há 15 dias a direção dos Bambas da Orgia avaliou novamente a posição e resolveu participar.
A ausência no desfile seria uma maneira de chamar a atenção das autoridades em razão da falta de um terreno para construção de uma sede própria da entidade. “Já fizemos várias solicitações, mas até agora nada. Voltamos atrás na decisão para não cairmos para o grupo de acesso” diz o atual presidente Edmur Gabriel Moreira. A escola realiza os ensaios em um terreno alugado, na vila Fátima. O investimento para apenas um mês é de R$ 5,5 mil, incluindo o aluguel da lona de cobertura.
A notícia sobre o possível boicote ao desfile fez com que diversos integrantes da verde e rosa procurassem outras entidades. A decisão também atrasou os preparativos. Os trabalhos iniciaram apenas há duas semanas. Para recuperar o tempo, a alternativa foi buscar integrantes da escola Academia de Samba Puro de Porto Alegre. O reforço, já requisitado em carnavais anteriores dos bambas, inclui o carnavalesco Emerson Waner, parte da harmonia, o casal de mestre-sala e porta-bandeira, o intérprete e compositor do samba- enredo, Paulinho Durão, e uma ala de mulatas da Imperadores do Samba. Pelo menos 60% das fantasias e alegorias serão confeccionadas na Capital. “É uma forma de acelerar e também de economizar” diz Edemur.
Os percalços dos bambas não param por aí. Este ano a escola não contará com a presença de Vantuir Becker, que esteve no comando da verde e rosa nos quatro dos cinco títulos consecutivos. “Ele pediu afastamento em 2015, para cuidar de projetos pessoais. É uma referência importante para a escola. Perdemos o nosso coringa” afirma o atual presidente. Além da ausência de Vantuir, os bambas perderam para a Unidos da Operária, o carnavalesco Ramon Gadenz da Silva, e o intérprete Sandro Ferraz, de Porto Alegre.
Sem poder contar com apoiadores tradicionais, a direção teve de cortar despesas. O número de integrantes foi reduzido de 500 para 400 em relação ao ano passado. A quantidade de carros alegóricos diminuiu para três (mínimo exigido pelo regulamento). O número de ritmista caiu de 80 para 60. Para colocar a verde e rosa na avenida na noite do dia 28 de fevereiro, a direção pretende investir aproximadamente R$ 90 mil, cerca de R$ 30 a mil a menos em relação ao desfile de 2014.
Na briga pelo hexa
Apesar das dificuldades, a comunidade da Vila Fátima está otimista e não abre mão da briga pelo sexto título consecutivo. Com o enredo Bambas dança e canta em homenagem aos ciganos, a escola faz referência aos ciganos que tradicionalmente montavam acampamentos em terrenos da vila Fátima. Muitos deles, segundo integrantes da escola, adquiriram e fixaram moradia na Fátima e estarão na avenida.
Estratégia
Com o regulamento embaixo do braço, integrantes mais experientes da escola sabem da necessidade de investir nos quesitos que rendem pontos. No comando da bateria desde 2007, Ebielkuer Borowsky, 34 anos, que já desfilou na comissão de frente, e fez par com a irmã Gislaine, no casal de mestre-sala e porta-bandeira, em duas edições do carnaval, quer corrigir os erros e buscar a nota 10 que não vem há três desfiles. “Ano passado ficamos com 9.4, erramos na ordem dos instrumentos o que acabou prejudicando” avalia. Este ano ele ganhou o reforço do mestre Carlinhos, da Capital, que está auxiliando no ajuste da bateria.
Diversidade
Tradicionalmente os bambas realizam a escolha do mais belo gay e da musa drag da escola. Este ano, os vencedores foram Gustavo Mello e Sabrina, respectivamente. A escolha aconteceu no ensaio da última quarta-feira.