De volta ao grupo especial

Bom Sucesso quer retomar os grandes desfile e entrar na briga pelo título

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Aos 72 anos, dona Ruth segue firme na confecção das fantasias da Bom SucessoAos 72 anos, dona Ruth segue firme na confecção das fantasias da Bom Sucesso
Aos 72 anos, dona Ruth segue firme na confecção das fantasias da Bom Sucesso
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A chuva não dava trégua na madrugada do dia 4 de fevereiro de 2014, quando por volta das 4h30min,  a Bom Sucesso entrou na avenida Sete de Setembro para garantir o retorno à elite do carnaval passo-fundense.  Um feito testemunhado pelos jurados e sete simpatizantes que resistiram bravamente na arquibancada. “Consegui até contar. Eram apenas sete pessoas esperando nossa escola passar” lembra o presidente da vermelho e branco Carlos Alberto dos Santos, 43 anos. Bole, como é popularmente conhecido, quer retomar os grandes desfiles da vermelho e branco. Aos poucos, a escola mais antiga em atividade da cidade (45 anos), vai se refazendo da crise financeira que provocou a perda da sede da entidade e, principalmente,  o afastamento de figuras tradicionais da escola. Prova disto foi o surgimento da Unidos da Operária formada por dissidentes da Bom Sucesso. Duas quadras separam os locais de ensaio de uma escola da outra.

Se o desfile de 2014 tinha como meta voltar para o grupo especial, este ano o objetivo e bem mais ambicioso. A Bom Sucesso vem para brigar pelo título com as outras três concorrentes. Sem apoiadores, a direção vai montar o enredo se utilizando apenas dos R$ 70 mil repassados pela prefeitura. Para ajustar os gastos, precisou  traçar estratégias diferentes das demais. “Não tenho carnavalesco, pensei o enredo e um amigo de Porto Alegre ajudou a desenvolvê-lo” revela Bole.

Para falar de grandes festas em diferentes partes do mundo, incluindo Egito antigo, Grécia e Brasil, são cerca de 300 integrantes, divididos em oito alas e três carros alegóricos. Pelo menos metade deles trazidos de outras cidades.  Somente da escola Restinga, de Porto Alegre, são 60 componentes, incluindo casal de mestre-sala e porta-bandeira, e porta-estandarte. Outro reforço é esperado da cidade de Carazinho.
 
Figuras ilustres
A mesma estratégia vale também para as fantasias. Uma parte vem de fora e outra está sendo confeccionada por três costureiras em Passo Fundo. Quem comanda estre trabalho é dona Ruth Custódio, 72 anos, mais de 40 deles dedicados ao carnaval. Uma relação que vem de berço. Filha do músico Alfredo Custódio, o maestro Alfredinho, compositor dos hinos do S.C. Gaúcho e do 14 de Julho,  e comandante de conjuntos que animavam as noite de carnaval pelos salões da cidade. “Eu tinha uns 13 anos e já cantava no conjunto do meu pai. Nossa escola era a Visconde do Rio Branco” lembra, mostrando uma foto de dois netos fantasiados em um carnaval na extinta escola.

Dona Ruth se orgulha também de ter herdado a veia de compositora do pai. “Fiz o samba enredo da escola Garotos da Batucada em homenagem a Dorinho”. Mesmo tendo sido criada no ambiente musical e carnavalesco, ela surpreende ao revelar que jamais participou de um desfile. “Na verdade nunca tive vontade, gosto de ajudar nas fantasias e ficar torcendo na arquibancada” conta sorrindo. 

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