Apartar objetivos
A legítima ira do povo pelos descalabros ocorridos no desvio do dinheiro da Petrobras e outros recursos públicos poderá alcançar êxito ao pressionar instituições, se não desviar o foco. Apresenta-se como principal objetivo a apuração dos fatos, doa em quem doer. Neste sentido é menos produtiva a revolta geral se não ficarmos atentos a um fenômeno de mídia que está armado, visando punição para culpados e, ao mesmo tempo, saciar a vontade de extermínio contra o partido do governo, o PT.
Sem contaminar
Esta espécie de rescaldo eleitoral, ou o denominado terceiro turno, que excita opositores da presidente Dilma, precisa ter limite e determinação do campo de ação. Juntar tudo ao mesmo tempo, por inconformidade eleitoral, fatalmente vem pulverizando a legitimidade do repúdio aos autores da corrupção. Nem é preciso lembrar que são vários partidos envolvidos (uns mais e outros menos), mas assinalados pela conduta de seus agentes. Estigmatizar um partido, na ânsia de solapá-lo, pode significar divisão de força, ou generalização que culmine em mote defensivo para lideranças que devem dar explicações sobre acobertamento de falcatruas. Então, o trabalho policial de enquadrar corruptos, que inclui também corruptores diversos, é ingente por si só. Por isso é mais produtivo estabelecer o objetivo eleitoral no próprio campo, que é muito vasto. Ao mesmo tempo concentrar a artilharia da indignação legítima, no processo acusatório dos agentes apontados nas provas coletadas, ainda que possam ser identificados com o selo partidário. Não se trata de aliviar o partido A ou B. O libelo deve ser mantido contra autores dos crimes de corrupção, que serão julgados segundo as provas válidas no processo. Caberá ao judiciário julgar os acusados, que serão pessoas físicas. Sem dúvida, a imagem do partido a que pertença eventual condenado será atingida, por via de repercussão subjetiva, mas o julgador não dirá, na sentença, que o partido tal deva ser rejeitado nas urnas. Oposição incompetente legitima erros. Cada coisa no seu lugar. De resto, continua tudo como sempre foi: adversários instigando as diferenças, com as armas que têm. Mas, cuidado, o radicalismo irracional pode criar a vítima ideológica, dando razão à dispersão do foco que é o irredutível combate ao crime organizado.
Nó górdio
Agora é o momento de acelerar a delação premiada e conhecer a lista de parlamentares envolvidos na operação Lava Jato. As notícias sobre esta expectativa indicam dificuldade em desnudar verdades. Se demorar a lista, teremos o nó górdio a danificar a seriedade do processo.
Anima quando se vê no jornalismo um trabalho além dos bordões de temporada no esporte ou carnaval, ou a renitente pauta pet, xodó nas editorias de TV. No final de semana, no entanto, a RBS TV abordou um tema necessário para toda a comunidade regional: a qualidade do leite e os consumidores diante dos casos de adulteração. A população está ansiosa em confiar no leite que se consome. Houve até retração em período recente, mas a tendência é normalizar. A imprensa faz trabalho que se reveste de importância pedagógica e estimuladora desta relação de consumo. Precisamos de insistentes referências sobre a qualidade de alimentos. Temos a Italac, da maior importância econômica e empregabilidade em Passo Fundo e sabemos do empenho da empresa em garantir a qualidade. É irreversível a necessidade de verificação de sanidade do produto final. Quanto mais mostrarmos garantias nos produtos, maior será o prestígio e valor da produção, para incentivar os produtores, que tanto trabalham para oferta de alimentos. A UPF tem laboratório especializado na aferição de qualidade que merece atenção permanente para se desenvolver.
Retoques:
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Descobri que existe um vocábulo que aprendi incorretamente na infância: desenxabido. Significa, falta de graça ou aborrecimento. Exemplo é a falta de entusiasmo que acontece, por exemplo, se os ex-ministros José Dirceu e Joaquim Barbosa, encontrarem-se no elevador!