A partir da primeira introdução de parasitoides de pulgões no Brasil, que se deu em 29 de agosto de 1978, pelo Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre/RS, foi montada no “quartel-general” do Centro Nacional de Pesquisa de Trigo (CNPT), em Passo Fundo/RS, uma linha de montagem de “armas biológicas” que seriam usadas numa verdadeira operação de guerra contra a praga dos afídeos que, na época, assolava as lavouras brasileiras de trigo.
Um insetário com oito câmaras climatizadas (15 m2 cada), com duas alas independentes (uma para os parasitoides e outra para os pulgões), uma casa de vegetação (64 m2) e um telado (300 m2) formavam a estrutura das três linhas de produção: de plantas, de pulgões e de parasitoides. Nesse processo, folhas de trigo com múmias de pulgões eram coletadas em intervalos que variavam de 7 a 15 dias, conforme a espécie de parasitoide.
No inicio do projeto, em 1978, 1979 e 1980, as liberações nas lavouras dessas múmias com parasitoides, foram realizadas nos munícipios ao redor de Passo Fundo. Para tal, eram escolhidas áreas de trigo com 2 a 3 ha, na beira de matas (para proteção de vento) e onde havia a garantia que o produtor não usaria inseticidas. Em 1981, atingiram, além do RS, também SC, PR, MS e a Argentina. De 1982 a 1992, essas liberações continuaram pelo fornecimento de folhas de trigos com múmias de pulgões com parasitoides acondicionadas em caixinhas de papelão, que, sem custo, entregues pessoalmente ou despachadas por transportadoras ou pelos correios, eram repassadas a organizações de agricultores, secretarias de agricultura e agentes da assistência técnica para distribuírem nas lavouras de trigo. Estima-se que, entre 1978 e 1992, tenham sido produzidos pelo CNPT e liberados na natureza cerca de 20 milhões desses parasitoides. Um programa de sucesso, que continua ativo até hoje, praticamente eliminando praticamente a necessidade de uso de inseticida para controle de pulgões em trigo no Brasil.
Deem-se os créditos a quem de direito! Entre 1978 e 1992, participaram do projeto do controle biológico de pulgões de trigo no Brasil, os seguintes especialistas (em ordem alfabética pelo sobrenome, com tipo de participação e período): Coulson, J.R. (EPL/USDA, França, colaborador/introduções, 1979); Coutinot, D. (EPL/USDA, França, colaborador/introduções, 1979); Drea, J.J. (EPL/USDA, França, colaborador/introduções, 1979); Drea, P. (EPL/USDA, França, colaborador/introduções, 1979); Gassen, D.N. (Embrapa, Brasil, membro da equipe, 1981 a 1986); Gonzales, R.H. (FAO, Chile, consultor, nov. de 1979); Gruber, F.F. (EPL/USDA, França, colaborador/introduções, 1979); Gutierrez, A.P. (Univ. Califórnia/FAO, EUA, consultor, dez. 1977 e set. a dez. 1978); Harpaz, I (Univ. Jerusalém, Israel, colaborador/introduções, 1978 a 1979); Luchini, F. (Embrapa, Brasil, membro da equipe, 1978 a 1981); Salles, L.A.B. (Embrapa, Brasil, coordenador do projeto e membro da equipe, 1978 a 1981); Salvadori, J.R. (Embrapa, Brasil, membro equipe, 1990 a 1992); Smith, R. (Imperial College, Inglaterra, colaborador/introduções, 1979); Spencer, N.R. (BCW/USDA, Itália, colaborador/introduções, 1979); Star, P. (República Tcheca, assessor técnico, dez. 1978); Susuki, H. (INIA/Chile, colaborador/introduções, 1978 a 1979); Tambasco, F.J. (Embrapa, Brasil, membro da equipe, 1979 a 1989), van den Bosch, R. (Univ. Califórnia, EUA, assessor técnico, jul. 1978); e Zúñiga, E.S. (FAO/Embrapa, Chile, consultor jul. a ago. 1978 e membro equipe 1978 a 1980). Atualmente, na Embrapa Trigo esse trabalho é continuado com novos estudos do complexo afídeos –vírus, sob responsabilidade dos pesquisadores Douglas Lau, Paulo Roberto Pereira do Valle e Alberto Luiz Marsaro Júnior, com o apoio da equipe formada pelo experiente Egidio Sbrissa (remanescente da equipe pioneira), Elias do Amarante, Maria Elaine Solagna e Vânia Bianchin.