O que está em jogo?
Protestar é um direito de todos. Estamos numa democracia, diga-se de passagem, aprendendo a conviver com ela por sua jovialidade. Se algo incomoda ou transcende a prática da boa convivência, temos recursos legais para que a ordem seja restabelecida. No entanto, achar que só quem é de esquerda, quem participa de movimentos sociais ou sindicais, e quem tem bandeira partidária fincada no histórico de vida tem direito de protestar, é pensar pequeno. Todos temos o direito constitucional de nos manifestar livremente. Sejamos negros, brancos, de esquerda, direita, dentistas, médicos, empresários, agricultores (pequenos, médios e grandes), metalúrgicos, bancários, garis, servidores públicos, jornalista, religiosos, ateus e assim por diante. A questão aqui, não é quem faz o protesto, mas quem está por trás e quais seus objetivos. A falta de liderança e entidade que assuma o movimento dos caminhoneiros é o que incomoda e gera preocupação.
Ambiente
Há, sim, uma preocupação para que fatos históricos não se repitam. Mobilizações sem identidade, a serviço sabe-se lá de quem, aproveitando um descontentamento nacional por conta de medidas austeras do governo, pode criar ambientes políticos que não sejam adequados a uma democracia. Protestar é um direito de todos, mas fiquemos atentos para que ele aconteça dentro do ambiente democrático.
Eu protesto
Podemos protestar livremente contra os aumentos de impostos, contra a incidência da Cide que elevou o preço dos combustíveis e, por consequência, de alimentos, da energia e tantos outros produtos de consumo básico. Mas, não esqueçamos que este protesto é muito mais forte e eficiente no dia em que votamos para escolher os nossos governantes. E a escolha foi feita lá, em outubro do ano passado. E lá, nós aceitamos as regras do jogo. Tentar mudar este resultado agora por vias que não sejam constitucionais, é golpe.
Força
Uma equipe reserva de 30 homens da Força Nacional, que integra o grupo tático da Polícia Federal, desembarcou no final de sexta-feira em Passo Fundo. O grupo convocado pelo governo federal para auxiliar na desobstrução de rodovias veio para trabalhar especificamente em dois pontos da região: Sarandi e Ijuí. Na região de Passo Fundo, as manifestações foram pacíficas e não houve registro de incidentes. Os mandados judiciais para liberar as rodovias foram todos cumpridos. A convocação da Força Nacional parece um exagero ou expõe uma preocupação institucional?