Depois de duas semanas de rodovias bloqueadas e dificuldades no abastecimento de mercadorias em estabelecimentos comerciais, a mobilização dos caminhoneiros parece ter chegado ao fim, e a situação de mercados e postos de gasolina – setores mais afetados com os protestos – começa a normalizar. Na última terça-feira (3), a Brigada Militar e a Polícia Rodoviária Federal precisaram escoltar 120 caminhões-tanque que saíram do Terminal Petrolífero de Passo Fundo para abastecer 137 municípios do Rio Grande do Sul e 66 de Santa Catarina, na tentativa de reabastecer locais onde a gasolina estava em falta. Deu certo. No município, a escassez não se estendeu por muito tempo.
Já o Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios de Passo Fundo (Sincogêneros), informou que dentro de dois ou três dias os estoques devem voltar a ser preenchidos e as prateleiras de supermercados e hipermercados não ficarão mais vazias. “As cargas atrasadas já estão chegando e os pedidos que fizemos anteriormente e estavam parados começaram a ser entregues”, afirmou o presidente do Sincogêneros, Celso Marcolan. Em Passo Fundo são cerca de 150 mercados representados pelo Sindicato e, na grande maioria, o impacto maior foi na falta de hortifrutigranjeiros e carnes, já que são produtos perecíveis e que não podem ser estocados por muito tempo. Além disso, produtos da cesta básica, tais como arroz, feijão e farinha, já estavam com quantidades limitadas e os consumidores não encontravam opções variadas. O presidente destacou ainda que o estabelecimento mais afetado foi o Bourbon, já que o hipermercado não possui estoque em Passo Fundo e é abastecido diariamente com cargas que chegam de Porto Alegre. “Como os outros mercados possuem estoque aqui mesmo, foi mais fácil garantir mercadorias nas prateleiras. Outro motivo foi que a maioria dos estabelecimentos garante uma quantidade maior em cargas semanais, por exemplo, já no caso do Bourbon, em dois dias já faltavam produtos pois eles recebiam cargas diariamente e o centro de distribuição estava trancado”, explica Marcolan.
Recorde de vendas
Apesar das barreiras impedirem que caminhões-tanque chegassem ao seu destino, nos postos de combustíveis onde as bombas estavam abastecidas, a mobilização impulsionou vendas. Com medo de ficar com os veículos parados na garagem, os motoristas correram para os postos e procuraram manter o tanque cheio. Em um posto localizado na Avenida Brasil, no Boqueirão, a falta de gasolina ocorreu apenas durante uma hora num dia em que o caminhão ficou preso na barreira. Porém, a alta procura supriu o problema.
Luís Ronaldo Lopes, gerente de um posto localizado no Centro, informou que no posto onde trabalha foram dois dias com as bombas vazias. Segundo ele, o posto recebe 23 mil litros de combustível a cada dois dias e, apesar dos dias sem trabalhar, o estabelecimento registrou recorde de vendas durante as mobilizações. Situação parecida com a de um posto do bairro Vergueiro. Foram três dias sem gasolina, porém, assim que o produto chegou, o abastecimento foi ainda maior.