Nos últimos dez anos, Passo Fundo reduziu de 66% para 61% a dependência de recursos da União e do Estado. Hoje, o município é o que tem a administração menos atrelada a repasses na Região da Produção. Relatório do Projeto Gestão Pública Eficaz, do Sescon-RS em parceria com a PUCRS, analisou dados como esse, não só da cidade polo, mas também dos demais municípios da região. Mesmo com números positivos no geral, ainda há setores que precisam melhorar bastante. É o caso da saúde.
Ter seu orçamento dependente dos repasses do Piratini ou Planalto é um incômodo para qualquer prefeito. Dos três principais municípios da região, Passo Fundo foi o que conseguiu diminuir esse problema significativamente. Marau teve discreta redução (-0,8%), no entanto conta com 82% da verba vinda de fora de seus domínios. Carazinho, por sua vez, passou de 67% para 72%, nos últimos dez anos. “Essa realidade deve ser combatida, tem de ser bandeira de todas as prefeituras. É muito simples culpar o Governo Federal e Estadual pelos repasses. Difícil é encontrar soluções para que o município se desenvolva e passe a depender menos da boa vontade federal ou estadual”, comenta o Presidente do SESCON-RS, Diogo Chamun.
EDUCAÇÃO
Quando o assunto é investimento em educação, Passo Fundo foi o que mais evoluiu no critério per capita (62,2%) nos últimos dez anos. Hoje, a cidade destina R$ 516,00 por habitante. Mesmo assim, ainda fica bem abaixo de Santo Antônio do Planalto, que aplica R$ 1.214,00 per capita ao ano no ensino público. Os destaques negativos em investimento em educação na última década ficam por conta das variações dos municípios de Camargo (-29,6%) e Nova Alvorada (-21,4%).
SAÚDE
Quando o assunto é saúde pública chama atenção os números despendidos da cidade polo. Passo Fundo investe apenas R$ 376,00 per capita ao ano, muito abaixo da média dos municípios similares no Estado (R$ 650,00). “É curioso que a cidade polo da região registre despesas per capita tão baixas, uma vez que o município notoriamente é um polo de serviços médicos especializados e reconhecido nacionalmente. Além disso, há repasses importantes do Estado e da União destinados ao atendimento médico", salienta o coordenador do Departamento de Economia da PUCRS, Milton Stella. Carazinho, por sua vez, destina praticamente o dobro do município vizinho (R$ 686,00).
FUTURO
Consolidar o perfil agroindustrial e investir nos serviços é a receita para a Região da Produção ampliar a sua pujança na economia gaúcha. “Trata-se de uma região dinâmica, cuja atividade econômica está fortemente dependente dos preços de commodities e consequentemente do crescimento da economia mundial”, destaca Stella. De acordo com o professor, para diminuir a influência destes fatores há que se aumentar a produtividade e aprofundar as atividades do setor terciário.