A paralisação de motoristas e cobradores durante cerca de uma hora e meia no início da manhã de ontem causou transtornos para quem foi pego de surpresa na hora de ir trabalhar. A justificativa foi a não apresentação, por parte da empresa, de uma contraproposta de reajuste salarial e de benefícios. Enquanto as empresas e os trabalhadores não entram em um acordo, a possibilidade de greve se aproxima, tendo em vista uma assembleia que será realizada nesta sexta-feira (13), conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Coletivos Urbanos de Passo Fundo (Sindiurb) Miguel dos Santos Silva. Em nota, a Coleurb se disse surpresa com a paralisação.
Segundo Silva, o motivo da paralisação foi a revolta da categoria ao saber que a empresa não havia apresentado uma nova proposta de reajuste, tendo em vista que a última proposta apresentada não foi aceita pela categoria. “Quando fomos na empresa para comunicar os trabalhadores da decisão eles se revoltaram porque entenderam como desaforo o que a empresa está oferecendo, como o aumento do ticket alimentação de R$ 0,66 ao dia”, esclarece.
Aumento da passagem é condição
A proposta de reajuste apresentada pelo sindicato é de 1,5% de aumento real no salário, acima da inflação, e o aumento de R$ 180 para R$ 250 no valor do ticket alimentação, o que representaria R$ 7,50 por dia. A proposta da empresa para o reajuste é o valor do INPC mais 0,87% de ganho real. “Ficaria em torno de 8%, mas isso tudo se a empresa ganhar aumento de passagem, se não ganhar aumento de passagem está oferecendo só a inflação. Nós trabalhadores entendemos que não podemos ficar presos ao aumento de passagem porque o arroz, o feijão, a luz só aumentam. O trabalhador não tem como esperar isso. E quando as empresas ganham os aumentos eles não repassam na mesma proporção”, enfatiza.
Possibilidade de greve
Os trabalhadores também não descartam a possibilidade de entrar em estado de greve caso não haja avanços significativos nas negociações. Na manhã de ontem, os motoristas e cobradores apenas voltaram às atividades após um dos advogados da empresa se comprometer em levar as reivindicações para a diretoria.
As atividades na manhã de hoje dependerão da proposta a ser apresentada pela empresa. “Se a empresa tiver uma proposta nova vamos levar aos trabalhadores. Caso contrário vamos ver qual a decisão. Na sexta-feira teremos assembleia onde pode ser deflagrado estado de greve”, antecipa Silva. Hoje, além da Coleurb é possível que trabalhadores da Transpasso paralisem as atividades.
O que diz a empresa
Em nota oficial, a direção da Coleurb afirma ter sido foi surpreendida pelo movimento dos trabalhadores que impediram a saída dos ônibus das garagens e, com isso impediram a correta prestação de serviços. “Deixamos claro que a negociação salarial encontra-se em aberto, tendo havido reunião na segunda-feira (09), onde as partes se comprometeram em continuar a negociação, inclusive com a possibilidade de greve, se essa for a decisão da categoria”, afirma a nota.
Ainda conforme o texto, a surpresa da empresa se deve à previsão de realização da assembleia da categoria na sexta-feira (13), ocasião em que seriam tomadas as decisões a respeito de ser concedido maior prazo de negociação ou encerramento dela, com as consequências de direito, inclusive a possibilidade de greve. “Dessa maneira, o movimento foi realizado no sentido contrário ao que a negociação vem tomando, com respeito entre as partes e com o encaminhamento de propostas e tentativas de solução”, enfatiza.
Para a empresa, essa não é a melhor alternativa para forçar uma solução, uma vez que está sendo buscada na mesa de negociações. “A empresa continua a empenhar esforços, no sentido de dar o melhor atendimento possível às reivindicações, mas espera que os caminhos da negociação, da lei, bem como a comunidade sejam respeitados”, conclui.
Motoristas e cobradores podem entrar em greve
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