Evoluir ou retroceder
Os sintomas de crise no país revelam rápido desgaste das forças partidárias que deveriam representar o permanente colóquio da governabilidade. A velocidade alucinante dos modernos meios de comunicação cibernética surpreende os foros institucionais de discussão. A palavra impeachment é atrelada tanto a urgências de postura presidencial como para nutrir revanchismos eleitorais. Diferentes facções de interesse pelo poder cometem erros de interpretação quanto aos meios de equacionamento. Do ponto de vista partidário temos uma oposição pífia e no governo ainda não vemos nada mais empolgante que certa fleuma, com explicações historicamente convencionais para uma crise gravíssima de credibilidade. E tudo converge para um agravamento. Por isso, no próximo dia 15, as manifestações poderão tomar rumos imprevisíveis. A proposta de impeachment contém componentes dramáticos, principalmente se considerarmos a ausência de instrumentos de avaliação previstos apenas na visão parlamentarista. Eventual deposição da presidente Dilma mediante golpe será prejuízo para a visão moderna de nação republicana. Salvo questão de mérito legitimado pela Constituição.
Povo ferido
A veiculação dos fatos que atormentam a sociedade brasileira em diversos setores gerou revolta e suspense. A mídia não dará conta de tudo para informar adequadamente sobre o processo de investigação e responsabilização pela corrupção. Mesmo assim, é o que temos na estrutura ainda combalida por um retrospecto de concessões dos meios de comunicação de natureza pouco democrática. É preciso acreditar que a população tenha o discernimento ao se posicionar no próximo dia 15. Vejam como é complicado. Entre os denunciados ou citados na operação Lava Jato, dez deles são detentores de concessões de redes de rádio ou televisão, além de jornais (que não é concessão), mediante laranjas ou outras artimanhas para burlar o que é defeso por lei. Então, é difícil ver com clareza o que é verdade no panorama das responsabilidades por práticas de corrupção. Também, é preciso acreditar nas instituições que apuram e julgam pessoas implicadas.
Punir é preciso
É inegável que as pessoas estejam vivendo o sofrimento perante um surto de apropriação indébita do dinheiro público. Pouco importa se os ladrões aleguem motivos “elevados” para comprar a opinião dos conservadores no Congresso. Romper o princípio básico da probidade administrativa, em alguns casos para proveito nababesco de milionários espúrios, é motivo de justa revolta popular. E, pelo amor de Deus, parem de alegar eufemismos atribuindo a corrupção a heranças históricas recentes ou remotas. Caso contrário, teríamos que começar pelo julgamento da dívida empenhada perante os ingleses, pela corroa portuguesa para que os britânicos reconhecessem nossa independência política. Ou se alegássemos a cruel ilegitimidade das fortunas acumuladas por uma aristocracia econômica dos grandes proprietários que construíram o patrimônio mediante o trabalho dos escravos durante séculos. Explorar a interface política para apurar atos de corrupção ao tempo de FHC é válido, e talvez necessário, mas não justifica a escalada de corrupção na Petrobras. Siro já dizia: “Bonis nocet quisquis pepercerit malis” – “quem poupar os maus prejudica os bons”. E o povo entende bem isso! Ou, como diria Martin Fierro, “não me venham com defuntos... que estos son otros assuntos”. Há crença de que o processo de investigação e julgamento dos crimes já conhecidos, e outros mais, faça a justiça possível.
Retoques:
* E, para falar em vida nova, é preciso registrar a façanha do novo projeto do Gaúcho, sob o comando de Gilmar Rosso, que vai redimir uma história de lutas e glórias de uma marca indelével no esporte do Rio Grande.
* O Coral Ricordi D´Itália está retomando suas atividades depois de período de férias. A presidente Glaci Bortolini apresentou o plano de atividades elaborado pela diretoria para o ano que será de muitas comemorações.
* Em todo o país os dados revelam perda de passageiros do transporte urbano para o transporte individual. É preciso mudar costumes pra não sermos engolidos pelos veículos.