Depois de atrasos nos pagamentos às instituições, o problema com o Fies agora é operacional. O sistema, além de estar lento desde os primeiros dias de inscrições, que foram abertas em 23 de fevereiro, sai do ar com frequência e a maioria dos alunos está com dificuldade para preencher as informações. E, quando conseguem, voltam a se deparar com a situação na validação dos dados, que deve ser feita através da instituição, mas utilizando o mesmo sistema operacional.
“Onde estamos com bastante dificuldade este semestre é no aditamento do Fies, tanto para os alunos que já têm o contrato quanto dos novos. Não estamos conseguindo operar o sistema para lançar as informações”, explica o diretor de Relações com o Mercado da Imed, Willian Zanella. Além de possibilitar a inserção de alunos nos cursos de graduação, que sem o financiamento não conseguiram ingressar no ensino superior, o Fies representa uma boa parcela de recursos que chegam até as instituições de ensino superior, por isso a situação está causando transtornos e apreensão por parte de alunos, reitorias e diretorias das universidades e faculdades.
Somente na Imed, são mais de 1.200 alunos que dependem do financiamento para estudar. “Isso tem afetado muito o clima na instituição, porque os alunos estão com medo e não sabem o que fazer. O que pedimos é que continuem em sala de aula, porque acreditamos que o sistema vai normalizar. E o que está nos deixando um tanto impacientes é que não existe uma posição clara do governo. Ficamos entre o aluno e sistema sem saber qual a regra que está valendo”, avalia Zanella.
Conforme os diretores das instituições, existem falas, discursos, mas não existe uma resolução oficial. “Acredito que o problema esteja em que o governo mexeu no sistema implantando as novas regras, mas não as normatizou. E está criando um clima de tensão nos alunos”, salienta o diretor. O principal prejuízo disso, segundo ele, é que o problema pode estar afetando a concentração e o aproveitamos dos alunos em sala de aula.
Reunião em Brasília
“O próprio FNDE tem informado às instituições que é um problema de sistema e que estão tentando regularizar, mas isso é muito lento”, avalia o reitor da Universidade de Passo Fundo, José Carlos Carles de Souza, que ontem esteve participando de uma reunião do Comung (Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas) para debater o assunto. Agora, está sendo aguardada uma reunião em Brasília, na quinta-feira (19), que deve contar com a presença do ministro da Educação e do presidente do FNDE e que foi pedida pela Associação Brasileira das Universidades. “Vamos ouvir o que essas autoridades têm a nos dizer e, dependendo dos desdobramentos, faremos outros encaminhamentos que entendermos pertinentes”, ressalta o reitor.
Sobre a situação da UPF, ele informa que a universidade está orientando os alunos para que, se optaram pelo Fies, permaneçam frequentando as aulas. “Estamos garantindo a presença do aluno. Já dissemos anteriormente e reafirmamos que queremos o aluno em sala de aula. Enquanto isso tentamos resolver até onde podemos solucionar esta questão”, argumenta Souza. Atualmente a UPF tem cerca 1.200 alunos matriculados do último vestibular que são contratos novos do Fies, e em torno de outros 4 mil alunos que já tinham contratos e não estão conseguindo fazer o aditamento. Segundo o reitor, o não repasse dos valores referente a este montante de alunos certamente causaria impacto na receita da universidade. “Estamos gestionando todo o possível para que os alunos consigam importar os dados e completar o processo. Temos o máximo interesse que todos consigam fazer isso com sucesso”, afirma.
Novas regras
No final do ano passado foram editadas novas regras para o Fies mas que, segundo as primeiras informações divulgadas, somente passariam a valer a partir do próximo semestre. Entretanto, entre as mensagens de erro que aparecem, estão as citações das novas regras. Ainda, segundo as instituições, elas não foram informadas da normatização desse novo regramento. “Em alguns casos, quando se entra no sistema, aparecem mensagens de erro ou de coisas que ainda não estão normatizadas. Por exemplo: aparece que a instituição não tem mais vagas para Fies, mas em nenhum momento o governo apresentou alguma medida dizendo que exista um limitador de vagas”, explica o diretor de Relações com o Mercado da Imed.