Lixo e falta de canalização de uma sanga são apontados pelos moradores como principais fatores para a proliferação de ratos no beco da São Lázaro, no bairro Lucas Araújo. No final do mês de fevereiro, um cachorro morreu e, conforme resultado do exame veterinário, a causa foi leptospirose. As famílias que residem no beco, às margens de uma sanga, localizada entre as ruas São Lázaro e Guia Lopes, ficaram preocupadas. De acordo com os moradores, existe uma infestação de ratos no local.
Cerca de 200 famílias moram nas proximidades que fica há cerca de duas quadras da Avenida Presidente Vargas. A canalização termina na rua Minas Gerais. Falta canalizar outros 50 metros. O principal problema é o lixo depositado irregularmente por alguns moradores nas águas desta sanga, que pertencem ao Rio Pinheirinho. Além de lixo doméstico, entulhos e muitas roupas, há o esgoto.
Com a morte do animal, a comunidade ficou preocupada. “O cachorro morreu de leptospirose, imagina uma criança. A nossa preocupação é que tem muitas crianças que circulam no pátio. O pessoal larga lixo na sanga e contribui para a presença de ratos. Ninguém do município apareceu para fazer uma análise no local”, revelou a moradora, Michele Cristina dos Santos Pinheiro, 27 anos.
A leptospirose é uma doença infecciosa causada por uma bactéria chamada Leptospira presente na urina de ratos e de outros animais. “A situação está crítica. Não dá para ficar assim. Há ratos dentro da casa da minha cunhada. Ela chegou a tirar o forro do sofá na tentativa de evitar que os ratos fiquem ali. Esses dias, o nenê quase pegou um ratinho achando que era um cachorrinho”, declarou a moradora. A dengue também é uma preocupação. “Os agentes nunca vieram aqui para fazer uma vistoria”, salientou Michele.
O presidente do bairro Lucas Araújo, Clédio Patias, disse que a canalização da sanga é um processo que se arrasta desde 2001. Em março deste ano, o prefeito de Passo Fundo, Luciano Azevedo, e uma equipe de secretários estiveram no local. “O prefeito disse que o projeto de canalização já está em tratativa e que até maio dará uma posição final da obra. No entanto, gostaríamos que uma equipe de saúde venha até o local. Estamos preocupados com a proliferação de ratos e da dengue”, informou Patias.
A chefe do Núcleo de Vigilância Ambiental em Saúde de Passo Fundo, Ivânia Silvestrin, orientou que a população faça a limpeza no local e não deposite mais lixo na sanga. “Agimos quando os casos de leptospirose são em pessoas, não em animais. Se há lepto é porque tem muito lixo. Onde tem lixo tem roedores, barata, escorpiões e mosquito. A população tem que cuidar do bairro, manter limpo e depositar o lixo em locais apropriados, não na sanga”, orientou Ivânia. Não há previsão de combate a proliferação de ratos neste momento. “A população tem que fazer um mutirão de limpeza, solicitar a ajuda da Secretaria de Serviços Gerais para isso. Depois da limpeza, daí sim podemos fazer a aplicação de um raticida, mas antes disso não adianta, porque será colocado veneno e o problema persistirá”, justificou a chefe do Núcleo de Vigilância Ambiental. Em relação a dengue, Ivânia disse que agentes já realizaram vistorias nas ruas São Lázaro e Guia Lopes, e que na segunda-feira, o trabalho será realizado no beco.
Três casos de leptospirose
A chefe da Vigilância Epidemiológica, Raquel da Silva Carneiro, informou que, no ano passado, foram notificados 37 casos de leptospirose em Passo Fundo, sendo que 27 foram negativos e 14 positivos. Em 2015, foram notificados nove casos até o momento. Quatro casos negativos, três positivos e dois aguardam resultado.