Apesar de não ter qualquer caso de dengue contraído no município, recentemente dois moradores de Passo Fundo regressaram à cidade com a doença, vindos de outros estados. Essa situação somada à confirmação da existência do mosquito transmissor pode tornar possível o início de casos autóctones de dengue. Por isso, torna-se importante conhecer os sintomas e como a doença se manifesta para entender o momento de procurar ajuda médica, principalmente porque a dengue se apresenta semelhante a uma gripe.
De acordo com o Alberi Grando, médico sanitarista, a dengue, em em princípio, é uma doença benigna. “Normalmente, em 80% dos casos, se apresenta sem complicações, mas as complicações, quando aparecem são realmente graves”, alerta o médico. Entretanto, na maioria das vezes, ela se assemelha muito com uma gripe. “Por exemplo: a dengue comum e que se desenvolve na maioria dos casos, tem sintomas parecidos com os da gripe, até porque se trata também de um vírus. Então, a pessoa vai ter dores de cabeça, dores musculares, ficar prostrado, ter dor nas juntas e pode ter febre, o que confunde muito com a gripe, por isso as pessoas precisam ficar atentas”, completa o médico.
Numa gripe, em três ou quatro dias os sintomas acabam. “Por isso é importante estar atento, porque se passar desse período e continuar com os sintomas, pode ser dengue. E se começar com perdas sanguíneas, pelo nariz, gengiva, pela pele, começar a formar as petéquias, que são hemorragias embaixo da pele, é ainda mais provável que seja dengue”, explica Grando. Em alguns casos, que ficam mais graves pela evolução da doença, o vírus afeta também a capacidade de coagulação do sangue. “Se estiver com essa doença no sangue, este não coagula, e começam a aparecer sangramentos, principalmente na gengiva, pode ser também na conjuntiva dos olhos ou pelo nariz. Dessa forma, se começou com febre alta, dor no corpo, não tem tanta tosse nem coriza, passou do terceiro ou quarto dia, aparecem as petéquias e sangramento, é muito provável que seja a dengue”, destaca. Na evolução para a dengue hemorrágica ainda se apresentam sintomas neurológicos, que podem levar o paciente ao coma e até a morte, mas estes casos, conforme Grando, são muito raros.
Tratamento é sintomático
Desde que confirmada a doença, o tratamento recomendado é o sintomático, ou seja, serão ministrados medicamentos para controlar a temperatura corporal e com isso diminuir a febre, e também medicamentos para as dores musculares. “Não existe um tratamento específico, que mate o vírus, como acontece com a maioria dos vírus. Então se faz o que chamamos de tratamento de sustentação, que inclui também a hidratação e os medicamentos para a febre e dor”, salienta.
Ações para evitar contaminação
Há poucos dias a Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde recebeu a confirmação de mais dois casos de dengue entre moradores de Passo Fundo. Ambos contraíram a doença em outros estados. Contudo, para tentar evitar que o mosquito transmissor tenha contato com o vírus e possa vir a contaminar mais pessoas, algumas medidas foram tomadas.
Segundo a chefe do Núcleo de Vigilância de Passo Fundo, Ivânia Silvestrin, uma das principais ações realizadas foi a pulverização dos insetos num raio de 150 metros da residência dessas pessoas que tiveram resultado positivo para a dengue. “Nesses casos sempre vamos até a residência das pessoas e orientamos para que usem repelente, coloquem telas nas janelas e portas e procuram usar roupas compridas”, explica Ivânia.
Comunidade precisa ajudar
O grande número de focos confirmados de larvas e a captura de mosquitos adultos transmissores da dengue aumenta a necessidade de colaboração da população em dois sentidos. O primeiro deles é mantendo suas casas sem locais propícios para a colocação de ovos dos mosquitos, que se utilizam de água parada e limpa. O segundo, é recebendo os agentes que realizam o trabalho de inspeção e orientação. Nesta semana, com a intenção de mobilizar a população na prevenção contra a dengue e chegar mais próximo das comunidades dos diferentes bairros da cidade, a prefeitura, através da Vigilância Ambiental em Saúde, participou da última reunião da Uampaf. A intenção foi apresentar a preocupação em relação aos focos de mosquito e larvas encontrados em diversos pontos, especialmente no lixo depositado em terrenos baldios.
Além do debate a respeito da realização de mutirões de limpeza nos locais mais afetados, foi tratado com os presidentes que as equipes da Vigilância realizarão visitas aos bairros, mediante agendamento prévio.