Mais de três toneladas de lixo e entulho se acumulam entre as casas do Beco da Duque, na Vila Cruzeiro: partes de carro, de móveis e eletrodomésticos se amontoam com roupas, calçados e papel. O problema, causado por um dos moradores que trabalha com ferro-velho, se agravou já que o lixo, que antes ocupava apenas o pátio da casa dele, invadiu a rua. Os moradores alegam que já entraram em contato com a Prefeitura para a limpeza do local, mas não obtiveram retorno.
Ainda que seja o motivo do descontentamento dos moradores, o lixo acumulado faz parte da rotina de Santo Irani Alves, de 55 anos. Há cinco anos morando na Vila Cruzeiro, Alves trabalha buscando materiais ou móveis que as pessoas se desfazem e revendendo em ferro velhos. Ele concorda que o problema é grande e prejudica a rotina da Vila, mas argumenta que não tem onde descartar o material que não é vendido. “Eu preciso que me digam um lugar para que eu coloque a sobra do material. O caminhão do lixo não leva. É preciso que a autoridade venha. E que venha para me ajudar também, porque preciso de um lugar para descartar o que eu não vendo. Eu ajudo a limpar, me comprometo a colocar no lugar certo depois. Mas preciso que arrumem esse lugar”, pede Alves.
A partir do momento que o lixo começou a se acumular na rua do Beco, os moradores se preocuparam. Elisabete Viviane Vieira Mendes, que há 8 anos mora na Vila Cruzeiro, é merendeira na escola e comenta que já tentou contato com a Prefeitura de Passo Fundo mais de uma vez. “Já perdemos as contas de quantas vezes tentamos falar com a Prefeitura. Já liguei para fiscal que ficou de vir no outro dia e não veio. O pessoal que vem para verificar focos de dengue nos passaram um número que não existe. Já tentamos falar com vereadores, com vice-prefeito, com prefeito”, conta. Ela acrescenta, ainda, que a Secretaria de Habitação deu a ideia de trazer um tele entulho por semana e a população se responsabilizar por descartar o lixo. “O problema é que ficaram de vir olhar e não vieram. Inclusive, tinha uma vertente de água aqui embaixo, e nós tapamos porque estava ficando ainda mais crítica a situação. Já está prejudicando a saúde da gente”, alega.
Depois que os alunos da Escola Salomão Iochpe começaram a aparecer na sala de aula com feridas espalhadas pelo corpo e coceira, causados a partir do contato com o lixo acumulado, a diretora Margarete Zanon decidiu abordar o assunto dentro da escola. “O que temos que fazer é agilizar. Nossos alunos chegam na escola cheios de feridas e coceiras. É importante que se faça algo”, pede a diretora da escola. Joice Taís Rodrigues convive com isso em casa. Mãe de Bernardo, de pouco mais de 2 anos, ela já levou o filho ao médico depois que o menino apresentou feridas e coceiras. “Comentamos com o médico e ele disse que a única opção para explicar as feridas é o lixo”, comenta a mãe.
Diante da falta de resposta, a diretora da escola tentou intervir. “Os moradores não tem resposta. Eu mesma já liguei três ou quatro vezes para a Secretaria de Saúde e eles não vieram. É complicado. A única coisa que nos foi dita é que uma máquina não passa pelo beco para retirar o lixo. Eu acredito que quando vierem limpar tudo, os moradores vão se sentir melhor e todos vão colaborar com a limpeza”, comenta Margarete.