A estrutura do prédio Ughini, consumido pelo fogo no maior incêndio registrado na história de Passo Fundo, em julho do ano passado, será completamente demolida a partir da próxima semana. A decisão já havia sido tomada pelos familiares há algum tempo, com base nos laudos técnicos, mas eles aguardavam a conclusão do inventário antes de divulgá-la. “Ficou constatado que a estrutura não tem mais condições de suportar nenhum estabelecimento, tanto na parte onde funcionava o mercado, como na sala da esquina, onde estava a loja de cosméticos. Não havia outra alternativa. Subi lá por duas vezes, as paredes estão todas rachadas” lamentou a professora Silvana Ughini, uma das proprietárias e também ex-moradora do prédio.
Do apartamento de Silvana, no terceiro andar, parte da frente, restaram apenas três imagens de um presépio comprado no natal anterior. No apartamento dos fundos, onde residia a irmã dela, os bombeiros encontraram, no dia seguinte ao incêndio, Chico, o cachorro de estimação do casal. O animal estava na cozinha, encolhido em um canto. “Praticamente cresci e me criei neste prédio, construído pelo meu avô. O fogo levou todas as recordações de família, fotografias, filmagens, documentos. Foi uma perda para nós e também para a história da cidade” definiu Silvana. A família já contratou a empresa para realizar a demolição, mas ainda não definiu quanto ao futuro daquela área. “Primeiro vamos limpar o terreno, depois pensaremos sobre isto” afirmou.
Cinco horas de fogo
Uma combinação entre material inflamável armazenado no supermercado e na loja cosméticos, instalados no local, juntamente com a estrutura toda em madeira do prédio, se transformaram no combustível para alimentar as chamas no maior incêndio de Passo Fundo, na noite de 15 de julho de 2014. O fogo começou por volta das 19h, e atingiu o prédio ao lado. Mais de 100 homens, incluindo bombeiros de toda a região, trabalharam toda a madrugada para controlar a situação. No prédio ao lado do supermercado, a loja de tecido instalada no terraço teve a parte dos fundos destruída.
No início de novembro, a Polícia Civil concluiu o inquérito e descartou a hipótese de incêndio criminoso. O laudo foi realizado pela equipe do Instituto Geral de Perícias (IGP), de Porto Alegre. Os técnicos não apontaram as causa do incêndio devido à grande devastação provocada pelas chamas no local. No entanto, comprovaram que as chamas iniciaram no andar superior do mercado, lado direito do depósito.