OPINIÃO

Coluna Saul Spinelli

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· 2 min de leitura
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Bailão avenida
No ultimo mês tivemos o incêndio do Bailão Avenida, que por quase trinta anos foi palco de muitos shows. A cada final de semana uma banda, uma programação, organização para receber as centenas de pessoas que esperavam pelas portas abertas desta casa para se divertir. Foram três décadas de alegria, profissionalismo e muitos casamentos feitos nas pistas desta casa de shows que fica na memória da cidade. Os causos do bailão são os mais diversos e os personagens que lá se construíram também. Pessoas que eram marca registrada do bailão e conhecem pelo nome os trabalhadores que ao final de semana escolhiam a melhor roupa, melhor sapato e o perfume comprado no crediário. Pessoas simples, mas que tinham no bailão a referência de descanso e lazer depois de uma semana intensa de trabalho.

O baixinho do bailão
Eu conheço como Eloir Rodrigues, pai da Tuane e do Cristiano, mas este amigo que trabalhou por vinte e cinco anos no bailão é conhecido como o baixinho do bailão. Figura alegre, simples, carismática e que não deixava ninguém sem cerveja nas pistas do bailão avenida. Mais da metade da vida do Eloir, ou baixinho do bailão como quiserem foi dentro desta casa que ele sempre carregou e defendeu com muito orgulho.

Casamentos
Eu conheço vários casais de amigos que se conheceram e se apaixonaram nas pistas do bailão. Pessoas que lá junto aos amigos se divertiram Muitas risadas, cerveja bem gelada e várias marcas dançadas nas pistas do bailão avenida.

Grupos
O bailão teve além do papel de diversão e lazer na vida de milhares de pessoas, a magia de unir amigos. Na sexta o telefone já bombava e amigos combinavam onde seria o aquecimento antes do bailão. Homens, mulheres, casais e filhos dos casais se organizavam e fazia à conhecida “vaquinha” para gastar na festa de sexta e sábado. Não faltavam aqueles que trocavam cheque pré datado para ter grana e pode se divertir a vontade.

Democrático
O bailão tinha uma coisa emblemática e que deve ser motivo de estudo, daqueles querem entender a alma humana. Nesta casa os jovens, adultos e idosos conviviam e se divertiam tranquilamente. O bailão não tinha marca de ser de jovens ou adultos. Era a casa de todos que tinham o espírito de diversão. Conheço casos de jovens de vinte anos dançando na mesma pista que os avós de setenta estavam se divertindo. O encontro de gerações também foi à marca do bailão.

Memórias
Na década de noventa não eram poucas as fotos das festas no bailão em processos de reconhecimento de união instável. Isto mesmo, lá estavam as fotos dos casais abraçados, dançando ou blindando para mostrar ao juiz que mesmo sem certidão de casamento os vínculos existiam. Este também foi um serviço prestado pelo já saudoso bailão avenida.

Apostas
Tem aqueles que apostam que o bailão se foi e não se erguerá mais, outros esperam novo prédio para gastar a sola dos sapatos. A coisa mais certa é que o bailão pode ter queimado, mas viverá na memória daqueles que por trinta anos se divertiram. Viverá na memória daqueles casais que quando perguntados onde se conheceram a resposta será “bailão avenida”. O bailão foi isto, e com certeza haverá aqueles que apontaram as brigas e até mortes que aconteceram, mas logo respondo que o espírito do clube, seus proprietários e freqüentadores era de paz e diversão e isto é que viverá em nossas memórias.

 

 

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