OPINIÃO

Com o pincel na mão

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O balanço auditado, publicado na semana passada, mostrou que a Petrobras teve prejuízo de R$ 21,6 bilhões em 2014, ante a um lucro de R$ 23,4 bilhões no ano anterior. As perdas foram tão grandes devido a uma reavaliação do valor dos ativos da estatal de R$ 44,3 bilhões, atribuída a problemas de planejamento, adiamento de projetos e à queda do preço do petróleo. Além disso, foi registrada uma baixa de R$ 6,2 bilhões referentes ao esquema de corrupção revelado pela Lava Jato pelo qual o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, foi condenado a sete anos e seis meses de prisão. A publicação desses resultados em alguma medida é de fato um alívio, porque, sem um balanço auditado, alguns credores poderiam pedir o pagamento antecipado de US$ 56 bilhões em dívidas da empresa o que poderia levá-la a insolvência.
Em nota, a estatal afirma que "não consegue identificar os valores específicos de cada pagamento realizado ou os períodos em que tais pagamentos adicionais ocorreram" e, portanto, desenvolveu uma metodologia para estimar o valor total desviado. Essa metodologia foi definida com base nas informações obtidas pela investigação da Lava Jato, segundo a empresa.

A estatal considerou a informação de que os desvios aconteceram entre 2004 e abril de 2012. Foram listados todos os contratos e aditivos assinados nesse período com as empresas e grupos citados na investigação da Polícia Federal. Após somar todos esses contratos e chegar a um valor final, a estatal calculou um percentual de 3% para estimar o valor que foi superfaturado. Nenhum valor desviado foi recuperado ainda, segundo a Petrobras, mas a empresa diz que está "tomando as medidas jurídicas necessárias perante as autoridades brasileiras para buscar ressarcimento pelos prejuízos sofridos, incluindo aqueles relacionados à sua reputação". A empresa afirmou, ainda, que não acredita que novas informações obtidas pela Lava Jato tenham impacto "relevante" sobre essa metodologia. "A Petrobras considerou cuidadosamente todas as informações disponíveis e não acredita que novas informações oriundas das investigações poderão impactar ou mudar de forma relevante a metodologia adotada", afirma. A companhia afirma, ainda, que "monitorará continuamente as investigações para obter informações adicionais e avaliará seu potencial impacto sobre os ajustes realizados".

A gestão petista em três mandatos tomou decisões insensatas, e a palavra final ficou sempre com os presidentes Lula e Dilma. A presidente era ministra da Energia, presidente do conselho de administração, chefe da Casa Civil, antes de assumir o governo. Lula foi presidente por dois mandatos e tutelou o primeiro de Dilma. Os dois são responsáveis pelo que aconteceu. Os preços foram controlados para que a inflação ficasse abaixo do limite máximo permitido pelas metas de inflação. A defasagem vigorou durante anos. A empresa passou a pagar mais pelo produto importado do que podia cobrar por ele. Quando confrontado com isso, Gabrielli dizia que não podia repassar para o consumidor a volatilidade dos preços. Balela. Só faria sentido o argumento se fosse por pouco tempo; não abona anos de prejuízo na venda do combustível. A ex-presidente Graça Foster pediu várias vezes que os preços fossem corrigidos, mas não conseguiu.

A direção da empresa rasgou os mais elementares conceitos da boa gestão, como vimos aqui neste jornal em série de reportagem: primeiro, a empresa comprou equipamentos em regime de urgência para o Comperj; depois, decidiu mudar o projeto. A construção de mais duas refinarias foi moeda política para estados do Nordeste, apesar de todos os avisos de que a margem do refino tinha se estreitado e não era viável instalar quatro refinarias ao mesmo tempo. O governo Lula interrompeu os leilões para mudar o modelo de exploração para partilha, criar outra estatal de petróleo, redividir os royalties. Perdemos o melhor momento do mercado, quando havia vontade de investir no Brasil, capital sobrando, e poucas alternativas.

Enfim, percebe-se no noticiário econômico, que o mesmo busca uma maior estabilidade, que foi travado um grande acordo político e econômico no Brasil, afim de evitar o processo de destruição de biografias e empresas e sim manter o sonho nacional. Em síntese seremos o eterno país do futuro, uma eterna potência energética.

Fonte: UOL; Estadão; OGlobo.

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