A safra de trigo que se aproxima deve trazer alguns desafios para os produtores na busca de garantir uma boa produtividade e lucro ao final do ciclo. Esses desafios foram tema de um seminário que reuniu cerca de 350 sementeiros, produtores e técnicos nesta semana em Passo Fundo. A importância da segregação e do manejo da lavoura para minimizar doenças estiveram entre os destaque apontados pelos técnicos com o prioridades para garantir um bom resultado.
A segregação do trigo foi um dos principais aspectos abordados no evento promovido pela Biotrigo Genética devido às exigências da indústria moageira em relação a qualidade da farinha que chega ao consumidor. O assunto foi destacado pelos gestores dos moinhos Irati (PR) e Tondo, de Bento Gonçalves (RS). Segundo responsável pelo setor de Pesquisa e desenvolvimento da Moageira Irati (PR), são imprescindíveis mudanças no modelo atual de distribuição e armazenagem de trigo para aumentar a rentabilidade em toda a cadeia produtiva. "A segregação profissionaliza a cadeia, ameniza impactos climáticos, garante a entrega de um produto de qualidade, agrega valor e dá maior liquidez ao trigo", destacou.
Jeferson Lima, gestor comercial do Moinho Tondo, ressaltou que as perspectivas para o mercado do cereal são boas devido à grande procura para suprir a demanda interna. “Isso é bom, porque encontramos um mercado que demanda trigo e é possível ofertar uma excelente safra tanto em produtividade como em qualidade”, acrescentou. Atualmente o país consome 11,1 milhões de toneladas de trigo, mas apenas seis milhões são produzidas no país e o restante importado. "Este déficit mostra o grande potencial do mercado. Se produzirmos com qualidade, tem mercado o ano todo, mas é necessário que toda a cadeia se atente as exigências da indústria e da legislação", alertou.
Manejo e controle da Giberela
O manejo e controle de doenças do trigo foi abordado pelo pesquisador da FAPA (Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária), Herado Feksa. Em sua palestra, ele defendeu maior cuidado com a lavoura e maior investimento em assistência técnica para produção de um trigo de melhor qualidade. Segundo Feska, a receita para produzir trigo com níveis baixos de micotoxinas, prevalentemente Deoxinivalenol (DON), inclui: conduzir a lavoura limpa até o advento do espigamento e daí para diante utilizar de duas a quatro aplicações de triazóis e/ou carbendazim em intervalos de 7 a 10 dias.
Segundo André Rosa da Biotrigo, a Cooperativa Agrária é o melhor exemplo de manejo e produção de trigo, em larga escala, com baixo DON no Brasil. “Muito estudo foi realizado para chegar onde chegaram. Por isto tudo, as indicações de Heraldo devem ser levadas tão a sério, por mais que pareçam distintas da prática corrente nos dias de hoje”, complementou Rosa.
Resistência de Plantas Daninhas
O engenheiro agrônomo e pesquisador da UPF Mauro Rizzardi destacou a importância do controle de plantas daninhas. Segundo ele, o manejo e controle de plantas daninhas na cultura do trigo constituem-se uma das formas mais econômicas de controlar ervas daninhas, como a buva e azevém, cada vez mais resistentes a glifosato e outros herbicidas. Segundo o diretor técnico da Biotrigo, Ottoni Rosa Filho, o assunto hoje é mundialmente importante. “As empresas que produzem novos herbicidas têm alertado que devemos resolver os problemas de invasoras com as moléculas já disponíveis, e não, ficar esperando uma molécula nova que resolva tudo – já que esta não parece existir até o momento”, pontuou.
Cultivares inéditas trazem novas perspectivas para a triticultura
Novas cultivares chegam ao mercado nesta safra oferecendo perspectivas promissoras para quem pretende investir no trigo em 2015. Entre as novidades apresentadas pela Biotrigo está o TBIO Sossego. “Nunca foi tão fácil colher tanto”, disse o diretor de negócios da empresa André Rosa. A cultivar, que será apresentada aos produtores nos Dias de Campo dos principais sementeiros nesta safra, é considerada a de melhor pacote fitossanitário já lançada do país. TBIO Sossego apresenta ampla adaptação, excelente potencial produtivo e será indicado preferencialmente para lavouras de baixo e médio investimento em todas as regiões tritícolas do país. Segundo André, TBIO Sossego une rusticidade, qualidade e produtividade como nenhum outro.