Uma sociedade inclusiva reconhece e valoriza a diversidade como uma característica inerente a sua constituição. Por isso, pressupõe que, com esforços conjuntos quanto à acessibilidade, à capacitação dos recursos humanos e à oferta de oportunidades justas, assegure-se a todos, independentes das suas peculiaridades, o convívio social, o desenvolvimento cognitivo e a participação nos espaços e temas públicos. As escolas são, então, ambientes que também devem vivenciar o paradigma da diversidade.
Atentas a isso, as instituições de ensino gaúchas mantidas pela Rede de Educação Notre Dame promoveram, no sábado (25), a Conferência sobre Diversidade na Escola. Nela, três profissionais analisaram o papel da instituição e dos educadores na inclusão, adaptação e aprendizagem dos estudantes diagnosticados clinicamente com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, Transtorno do Espectro Autista e Dislexia, distúrbios frequentemente verificados entre os estudantes. Porém, além de dar suporte técnico, para que os professores conheçam e consigam adaptar o cotidiano letivo a esses estudantes, o objetivo da Conferência era, acima de tudo, o de sensibilizá-los para a diversidade como um todo, o que engloba, além de casos clínicos, características específicas dos estudantes, tais como: aptidões, ritmos e modos de aprendizagem diferentes, destaca a psicopedagoga do Colégio Notre Dame, Daniella Maciel.
Reunidos no Colégio Notre Dame Passo Fundo, a partir das 07h30min, educadores de todos os segmentos de ensino dos Colégios Notre Dame e Notre Dame Aparecida (Carazinho) e das Escolas Notre Dame Menino Jesus e Notre Dame Santa Isabel aprofundaram, através das palestras e debates, seus conhecimentos sobre a prática pedagógica na diversidade. Para isso, um neuropediatra, uma psicóloga e uma psicopedagoga foram convidados para o evento.
Ao início da programação, porém, os educadores Notre Dame assistiram ao depoimento de Marco e Cinara Barbiero. Pais de criança diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista, o casal, comovido, narrou toda a trajetória inesperada desde percepção de comportamentos incomuns até o diagnóstico da filha. “O nascimento de um filho é como uma viagem, que você planeja e se prepara para fazer turismo por um país, mas, ao desembarcar, se depara com outro desconhecido e pronto para ser descoberto e apreciado, mesmo sem estudos e planos anteriores”, compara Cinara.
Tocados pelas palavras amorosas e pelo exemplo de doação de Marco e Cinara, que, sobretudo, priorizam o bem-estar da menina, abdicando de alguns dos próprios desejos, por compreender e aceitar as suas necessidades, além de estimulá-la, com respeito ao seu ritmo, os professores ouviram, então, os esclarecimentos do neuropediatra José Pádua. O médico apresentou, de forma didática, um olhar clínico sobre a inclusão. Durante a sua palestra, comentou sobre os fatores de risco, a origem e a apresentação orgânica, as características comportamentais e o tratamento ministrado aos pacientes diagnosticados com os três transtornos: Déficit de Atenção e Hiperatividade, Autismo e Dislexia.
Logo após, a psicóloga Paula Mesquita, comentou assuntos relacionados ao tema: diversidade e as relações interpessoais, no cotidiano escolar. De acordo com ela, a inclusão de crianças diagnosticadas com transtornos amplia a necessidade de todos de conviver bem com a diferença, além de demandar adaptação de educadores e das instituições de ensino.
Essa adequação do corpo docente e da gestão escolar, ainda segundo Paula, denota estudo e procura por meios que melhorem o convívio e a aceitação dos ritmos e formas pelas quais se dá o processo de aprendizagem nos estudantes. Além disso, é papel dos colaboradores das instituições de ensino incentivar e estimular as crianças e adolescentes, com aproximação afetiva, mas considerando o respeito aos limites deles.
Por fim, a psicopedagoga Marisa Medeiros palestrou sobre a dificuldade de aprendizagem. Para ela, as ações de ensino devem garantir as condições necessárias para que o estudante se aproprie do conhecimento, a partir da compreensão de que o aprendizado se dá de modos, em momentos e ritmos diferentes.