OPINIÃO

Coluna Celestino Meneghini

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A primeira censura
O ano de 2015 assinala 50 anos do dia em que senti pessoalmente os ares da censura imposta pelo sectarismo autoritário da ditadura militar de 64. Hoje, o mais intrigante é perceber que se passou meio século. O tempo implacável. Mas o fato, ainda que de singela importância para um seminarista que ainda não percebia a realidade do momento político nacional, calou na memória que teima em prezar liberdade. Formávamos um grupo de teatro entre os alunos internos, e a peça rigorosamente ensaiada tinha o propósito de homenagear o bispo diocesano Dom Cláudio Coling, em visita agendada ao Seminário de Fátima de Erechim. Para fazer bonito, ensaiamos muito as cenas que contavam a história de um líder que formou a quadrilha de rebeldes e violentos. Dom Cláudio era figura carismática, excelente orador e impunha distanciamento respeitoso. A apresentação era enorme responsabilidade. Nada podia falhar no retorno do egrégio bispo que participara do Concílio Vaticano II em Roma. As cenas dramáticas do bando foram representadas com requintes de realismo, facas e facões, e espingardas que cuspiam fogo inflamando a escuridão em meio aos estrondos que retumbavam no palco. Felizmente, para nós foi um alívio, o sucesso que emocionou a platéia interna do seminário e convidados que pajeavam o bispo. O líder dos revoltosos converteu-se na cena final e entregou as armas ao apelo dos padres, pedindo perdão a Deus e à Virgem de Guadalupe. O homenageado começou a falar e reconheceu o desempenho artístico. Mas fez ressoar uma solene advertência que pairou pesada sobre os amadores da cena: “Parabéns pela apresentação”. Mas o tom grave de sua voz soou como trovão: “Apenas um problema! O ator principal (o herói) precisa trocar de nome. ‘Leonel’, tem um cheiro da Brizola”. Somente mais tarde é que a ficha caiu perante uma ingenuidade adolescente que se estatelava num amadorismo de teatro.

Aposentadoria no Supremo
A Câmara de Deputados acaba de aprovar projeto que aumenta a idade de aposentadoria dos ministros do STF, de 70 para 75 anos. O presidente da Casa armou pré-libação em jantar para a derrota governista por 332 a 144 votos. O PT alega que a aposentadoria compulsória aos 70 era posição oficial da Magistratura e do MP. Agora o resultado da votação democrática vai para sanção. Com isso ficam adiadas indicações de novos ministros, com a projeção de aposentadoria, até 2018, por idade: Celso Mello, Marco Aurélio Mello, Ricardo Lewandowski, Teori Zavaski e Rosa Weber. Dilma indicou Luiz Fachin, que aguarda confirmação do Senado para assumir. A Suprema Corte Judicial, como se vê, também é palco de disputa, e a oposição consegue adiar novas nomeações presidenciais. Lula nomeou oito ministros e FHC nomeou três.

Preço dos derivados
Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, agora dá aula de administração, mesmo em delação premiada. Afirma que os erros administrativos, com preço reprimido nos derivados do petróleo, foram dez vezes mais danosos que efeitos da corrupção. Vamos devagar que o santo é de barro!

Retoques:
* Poucos dias antes de completar 100 anos, faleceu um dos precursores do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Passo Fundo, Jacó Olegini. Grande experiência rural, um dos pioneiros no plantio de soja na região, e denodado chefe de família, era o último filho homem do imigrante italiano Jacob Felipe Olegini, nosso avô materno. Nossos sentimentos aos demais familiares do tio Jacó.
* Polícia Federal investiga operação confusa do BB, com recursos do BNDES, com “sobras” para compra de um Porsch Cayennes. Só o IPVA do carro custou R$ 14.114,00.
* Na homenagem às mães, o poeta Coelho Neto: “Todo o bem que a mãe goza é bem do filho,/ Espelho em que se mira afortunada,/ Luz que lhe põe nos olhos novo brilho!”

 

 

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