Sob o comando do gerente interino, Severino Ronchi, a equipe de redatores do jornal O Nacional preparava a edição de número 936 para ser distribuída no dia seguinte, 2 de junho de 1931, quando um menino de apenas 15 anos, apresenta-se para assumir uma das vagas no setor de expedição da empresa. Começava ali a trajetória do futuro jornalista, empresário, político, rotariano e chefe de família, Múcio de Castro, que na data de hoje completaria 100 anos de vida. Nascido em 8 de maio de 1915, na rua Moron, nº 14, o segundo, dos seis filhos do casal Leão Nunes Cavaleiro de Castro e Magdalena Martins de Castro, Múcio foi em busca de seu primeiro emprego para ajudar no sustento da família. Natural de Taquarembó, no Uruguai, e naturalizado brasileiro ainda na juventude, Leão havia perdido a patente de coronel do Corpo Oficial durante a revolução de 1923. Ao mudar-se para Passo Fundo, exerce o cargo de oficial de Justiça.
Múcio aprende rapidamente o serviço no setor de distribuição do jornal e, em pouco tempo, assume a chefia da expedição. Transferido para outras funções, passa a dominá-las com a mesma rapidez. Torna-se editor-chefe e diretor de redação. Fundado em 1925, na avenida Brasil, quase esquina com a Sete de Setembro (em frente a atual Praça do Teixeirinha), O Nacional pertencia à família Annes, Araújo e Bastos e sua função predominante neste período era dar sustentação política nas históricas disputas entre os Annes e seus opositores. Com o passar do tempo, os proprietários foram perdendo o interesse pelo jornal. No entanto, o adolescente que ingressara na empresa para pedir emprego descascando uma bergamota, já havia atravessado toda sua juventude respirando o cheiro do papel, ouvindo o ritmo das máquinas de datilografia, apurando informações e transformando-as em notícias. Múcio estava pronto para o novo desafio: em 1940, aos 24 anos, assume a direção geral de O Nacional.
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O jovem jornalista e empresário
Não era somente a vida profissional do jornalista que andava a passos largos naquele início de década. O namoro com uma jovem vinda de Guaporé, cujos primeiros olhares foram trocados durante um baile de carnaval no clube Caixeiral, termina no altar. Castro e Ada se casam no dia 10 de dezembro de 40, na igreja Nossa Senhora da Conceição.
Combate à ditadura
“Meu pai combateu a ditadura e sofreu as consequências econômicas por ter assumido esta posição” afirma Múcio Filho, atual diretor de ON. No vídeo, a filha Gilka de Castro lê um fragmento da coluna de Argeu Santarém, publicada na edição do dia 17 a 19 de Junho de 2005.
O último cigarro
Múcio faleceu aos 66 anos, no dia 30 de agosto de 1981, por complicações cardíacas. Era um domingo de inverno. No final da tarde, queixou-se de dor de cabeça, tomou um remédio e deitou para aguardar os bolinhos de chuva que a esposa estava preparando.
Depoimento - Gilka de Castro (filha)
"Eu nasci dentro do jornal. Fiquei lá desde a década de 60 até pouco tempo depois de o pai falecer. Lembro das festas que ele fazia no aniversário do jornal, era um kerb. A mãe ficava uma semana preparando os frios para serem servido com chope, tinha também a ‘gangue’ do uísque. Era um acontecimento na cidade. Festa aberta para todos no próprio jornal, era só chegar e participar". No vídeo, confira o momento em que Gilka lembra de como eram as festas no jornal.
Ivaldino Tasca (jornalista)
"Convivi durante 10 anos com o Múcio, de 1971 até 1981, quando ele faleceu. Comecei na revisão, fiquei uma temporada e fui embora para Porto Alegre. Estava com minha família toda na Capital, e com uma proposta de emprego em São Paulo, quando ele me convida para trabalhar na redação, retornei e me tornei genro dele"
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