OPINIÃO

O vai e vem político e econômico

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O governo, ao aprovar na semana que passou a primeira fase do ajuste fiscal conseguiu um alívio para a presidente Dilma Roussef. A aprovação do ajuste fiscal foi alcançada pela habilidade do Vice-presidente Michel Temer e pela boa vontade do Presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, ambos do PMDB. A habilidade política do Vice foi recheada de surpresas, afagos, cargos e um belo regabofe servido para parte da bancada do partido Democratas – justamente o partido que faz a oposição mais raivosa ao atual governo. Neste tal regabofe oferecido no Palácio Jaburu, os deputados da bancada do DEM que se achegaram à mesa oficial cantando grosso, ao saciarem suas necessidades deixaram o palácio miando, pois nada menos que 8 dos 22 deputados da legenda votaram a favor do governo. São eles: Cláudio Cajado (BA), Paulo Azi (BA), Elmar Nascimento (BA), José Carlos Aleluia (BA), Marcelo Aguiar (SP), Misael Varella (MG), Carlos Melles (MG) e Rodrigo Maia (RJ). 

De resto, Dilma amealhou os votos de 7 dos 29 deputados do PSB presentes à sessão da Câmara. O PSB rompeu com o governo para encampar, em 2014, a candidatura presidencial do ex-governador pernambucano Eduardo Campos. Com a morte de Campos, Marina Silva, que era a número 2 da chapa, assumiu o posto de presidenciável do PSB.

Marina foi moída na campanha presidencial pelo marketing destrutivo do comitê de Dilma. No segundo turno, o PSB aliou-se ao tucano Aécio Neves. Passada a disputa, a legenda declarou-se “independente”, o que não impediu que votassem a favor do governo os seguintes deputados: Átila Lira (PI), José Reinaldo (MA), Keiko Ota (SP), Luiz Lauro Filho (SP), Tenente Lúcio (MG), Tereza Cristina (MS) e Vicentinho Junior (TO). Diante das mudanças nas convicções políticas dos partidos e principalmente dos deputados e senadores eleitos, por que não podemos pensar e viver um momento de abandono das convicções políticas e econômicas da presidente Dilma?

Basta observar que até o modelo de exploração do pré-sal resiste à realidade, apesar de Dilma ter feito carreira na área de energia e de ter ocupado, inclusive, o Ministério de Minas e Energia. Depois de tanta badalação, aula com PowerPoint, picardia contra o modelo tucano, o governo dá sinais de que pretende dar meia volta, começa falar em deixar o sistema de partilha para recuperar o de concessões, acabando assim com a obrigatoriedade de a combalida Petrobrás participar de todos os blocos.
O Pronatec, um dos carros-chefes dos debates, dos programas de TV e do cotidiano da campanha para a reeleição, está agora devagar. Com a crise na economia, dissimulada no limite da irresponsabilidade, Dilma só conseguiu pagar os subsídios das entidades privadas até outubro, mês da eleição, depois disso houveram atrasos, confusões e incertezas.

Outro que embalava o marketing dilmista era o Fies. Sem desprezar os objetivos corretos e as boas intenções, o fato é que a realidade atual aniquilou com sonhos e esperanças de uma geração que acreditou poder cursar o ensino superior já que não iria faltar dinheiro para a pátria educadora. Em 2014 havia 4,4 milhões de bolsistas com financiamento de R$ 13,4 bilhões para escolas privadas – qualquer que fosse a escola. Sem dinheiro, muitos bolsistas e escolas, estão nesse momento, a ver navios.

O comércio se queixou de vendas fracas neste Dia das Mães. A procura de bens de consumo duráveis, especialmente veículos e aparelhos domésticos, está em forte retração. A Caixa avisa que suspendeu os financiamentos habitacionais porque os saques das cadernetas de poupança aumentaram - foram de R$ 23,2 bilhões no primeiro trimestre, 3,6% do total. E são principalmente as aplicações das cadernetas que fornecem recursos para o financiamento da casa própria.

Muito provavelmente os números do PIB do primeiro trimestre, a serem divulgados dia 29 deste mês, virão muito ruins e, pior, apontarão forte queda dos investimentos. No entanto, já existem sinais de que nessa área o governo começa a se mexer. Novos leilões de concessão estão para serem anunciados. Embora na área dos negócios e dos resultados macroeconômicos as coisas pareçam piorar, há movimentos claros em direção de mudanças para melhor. Se corrigir as principais distorções nas políticas do petróleo e no cronograma de concessões, nova fase de investimentos estará sendo colocada em marcha. E bastará forte sinal nessa área para que toda a percepção hoje negativa comece a se inverter. Tudo depende então, da vontade, ou boa vontade política do governo Dilma.

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