Redução dos atendimentos entra em pauta

Dirigentes dos hospitais filantrópicos de Passo Fundo participaram ontem da manifestação na Capital, mas voltaram sem novidades sobre avanços nas negociações

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Depois da manifestação de ontem, uma nova mobilização foi marcada para agostoDepois da manifestação de ontem, uma nova mobilização foi marcada para agosto
Depois da manifestação de ontem, uma nova mobilização foi marcada para agosto
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Um protesto de dirigentes de hospitais de diferentes cidades do interior e funcionários da saúde, em frente ao Palácio Piratini, no centro da Capital ontem (13), pediu, mais uma vez, que o governo apresente uma proposta de pagamento de repasses por atendimentos pelo SUS. Segundo a Federação das Santas Casas e dos Hospitais Filantrópicos do RS, que representa 245 estabelecimentos no estado, se não houver acordo essas unidades buscarão reduzir o volume de atendimento pelo Sistema Único em quase 9% este ano. Será o equivalente a 4,6 milhões de procedimentos a menos, entre exames diagnósticos, principalmente, ambulatoriais e internações.

“Cada hospital terá que discutir uma redução da assistência”, disse o presidente da Federação, Francisco Ferrer, informando que a crise dos hospitais vem da diferença entre o que custam os atendimentos e o que é pago pelo SUS. Ele afirmou que a situação piorou com a suspensão de repasses suplementares (o chamado cofinanciamento) pelo governo do Estado. “As santas casas querem isso? Evidente que não”, ressaltou. Para chamar a atenção do governo, a entidade entregou ontem ao secretário da Casa Civil, Márcio Biolchi, um relatório sobre a situação. O mesmo documento foi entregue ao presidente da Assembleia Legislativa, Edson Brum.

O administrador do Hospital da Cidade de Passo Fundo, Luciney Bohrer participou do ato realizado ontem e afirma que voltou sem poder trazer qualquer novidade ou avanço nas negociações. “A única coisa que foi acertada é que existe a possibilidade, a partir da semana que vem, dos dois lados sentarem para começar a conversar e ver se existe alguma solução”, explica. Bohrer ressaltou ainda que a instituição está relutando em reduzir os atendimentos pelo SUS, mas que se a situação persistir algo terá que ser feito. “Talvez tenhamos essa redução nos atendimentos, ou tenhamos que fazer uma melhor distribuição do que é feito pelo SUS”, salienta. Segundo ele, 65% dos atendimentos realizados no Hospital da Cidade são pelo Sistema Único de Saúde.

O Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) também participou da manifestação organizada pela Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Rio Grande do Sul. Através da assessoria de comunicação, informou que o objetivo da mobilização é chamar atenção da comunidade sobre a grave crise vivenciada pelo setor e, especialmente, cobrar do governo do estado repasses atrasados que alcançam, atualmente, mais de R$ 230 milhões. Ainda, que as as santas casas e hospitais filantrópicos do RS integram a maior rede hospitalar do estado, respondendo por 73% dos atendimentos SUS, empregando mais de 65 mil trabalhadores e que vem trabalhando, desde outubro do ano passado, com atrasos e cortes no seu orçamento.

Sentando para conversar
Conforme a Federação, ficou acertado que a partir da próxima semana uma solução será buscada em conjunto, em reuniões a serem feitas entre secretarias (Casas Civil e Saúde), Federação, Frente Parlamentar de Apoio às Santas Casas e Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia. “Queremos uma resposta definitiva”, mencionou Ferrer ainda durante o protesto. “O cofinanciamento existe desde 2002 e serve para despesas correntes. Está no sangue das santas casas, é para custeio”, argumentou.

O secretário da Casa Civil, Márcio Biolchi, disse ontem que fará uma articulação com as demais áreas do governo, principalmente com a Saúde, para avaliar os dados apresentados ontem pela Federação sobre os atendimentos à saúde neste ano. “Precisamos estabelecer uma agenda conjunta, que envolva estado, municípios, entidades, parlamentares gaúchos e governo federal, de forma a minorar os efeitos das dificuldades financeiras sobre a população", afirmou, ao receber dirigentes da entidade dos hospitais e deputados no Palácio Piratini.

Hospitais X governo
No RS os hospitais cobram do governo o pagamento de repasses atrasados desde o ano passado, de R$ 132,6 milhões. O setor quer ainda valores do cofinanciamento (são R$ 25 milhões mensais), um adicional do governo do Estado, já que os valores pagos pelo SUS não cobrem as despesas. A Secretaria da Saúde do Estado vem reafirmando que não há previsão de pagamento dos valores atrasados de 2014, e que a situação de crise no caixa do Estado não permite mais repasses além dos já feitos mensalmente e que estes estão em dia. As santas casas e hospitais filantrópicos apontam que 2,79 milhões de exames e diagnósticos, do total de quase 32 milhões realizados por ano pelos hospitais no RS, poderão não ser feitos caso não haja um acordo com o governo do estado. Seria, ainda, 1,78 milhão de outros procedimentos ambulatoriais e 46,7 mil internações.

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