Os anos 1990 e 2009 delimitaram a vida profissional do Dr. Marcio Voss na Embrapa Trigo. O primeiro marca o seu ingresso na Embrapa e o segundo, juntados os anos de trabalho na EMATER/PR e no Instituto Agronômico do Paraná (1976-1990), assinala a sua aposentadoria. Conheci Marcio Voss na segunda metade dos anos 1980, quando ele cumpria o programa de doutorado na Faculdade de Agronomia da UFRGS, em Porto Alegre, na área de microbiologia do solo. Depois nos tornamos colegas na Embrapa, convivendo em Passo Fundo ao longo de uma jornada de quase 20 anos. Sobre suas contribuições profissionais, considero desnecessária qualquer menção, pois os registros em anais de eventos e em publicações especializadas se prestam muito bem para atestar este tipo de coisa. São os traços da sua personalidade, especialmente aqueles que calaram mais fundo em todos que conviveram com ele, que, nesta oportunidade, eu gostaria de realçar.
Marcio Voss foi um exemplo de colega. Entre seus atributos de qualidade humana sobressaem-se, com facilidade, coisas como humildade, desprendimento, respeito e trato carinhoso para com o outro, honestidade, responsabilidade, amizade, comprometimento, espírito de colaboração, empolgação, senso de trabalho em equipe, etc. Tudo isso aliado a uma alegria e irreverência contagiantes, que são marcas registradas do seu astral elevado e criativo.
Outro Marcio Voss sempre existiu paralelamente ao pesquisador Marcio Voss. Faço referência aqui, especificamente, ao Marcio Voss atleta, exímio jogador de futebol e corredor premiado em maratonas, e ao Marcio Voss artista, apaixonado por fotografia e talentoso escritor. Dono de técnica apurada na arte de fotografar objetos minúsculos, Marcio Voss descortinou o universo belo e até então desconhecido das flores quase invisíveis de algumas espécies nativas dos nossos campos. Essas fotografias e alguns contos de notória inspiração lhe valeram o reconhecimento de premiações nos festivais de Arte & Cidadania da Embrapa e em outros eventos culturais.
Em tempos de discussão, não raro envolvendo mais emoção que razão, do assunto aposentadoria x fator previdenciário, considero oportuno republicar, nesse espaço de O NACIONAL, a apresentação que fiz, na condição de então Chefe-Geral da Embrapa Trigo, para o Manual de Técnicas Laboratoriais para Obtenção, Manutenção e Caracterização de Nematoides Entomopatogênicos, de autoria do pesquisador Márcio Voss.
Na mencionada peça, destaquei que ao profissional e colega merecedor de respeito, há também que se juntar o homem dedicado à família, fazendo questão de reprisar a lição deixada pelo Marcio quando, chegado o momento de definir a data do seu desligamento da Embrapa, eu, investido no cargo de Chefe-Geral da Embrapa Trigo, chamei-o até a sala da Chefia para as devidas tratativas. No meio da conversa, veio o assunto da perda de remuneração do aposentado. Invariavelmente, todos os outros que como ele haviam aderido ao Plano de Desligamento Incentivado – PDI da Embrapa alegaram essas “perdas salariais” para desistir da opção que livremente haviam feito ou, mesmo continuando no PDI, para lamentarem tal fato. O Marcio não fez qualquer menção nesse sentido. Simplesmente disse, “esse é o preço que eu posso e estou disposto a pagar pela minha liberdade. Afinal, não se diz que liberdade não tem preço”.
Ah! Quanto ao Manual de Técnicas Laboratoriais para Obtenção, Manutenção e Caracterização de Nematoides Entomopatogênicos, cabe dizer que representa um valioso legado deixado pelo Dr. Marcio Voss, que, além de primar pela qualidade, personifica a sua prática de fazer ciência - desprendida e colaborativa - ao disponibilizar seus conhecimentos para todos que quiserem levar adiante aquela que foi a sua derradeira linha de pesquisa na Embrapa.
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