No momento de fragilidade, o apoio mais importante

Seis histórias de vida. Seis mulheres. Seis realidades. Uma coisa em comum: todas em tratamento contra o câncer. O que as une? O lugar onde encontraram apoio, compreensão, auxílio, amizade e carinho

Por
· 3 min de leitura
Olinda, Helenita e Maria: ?EURoeaqui nos tratam como família?EUR?Olinda, Helenita e Maria: ?EURoeaqui nos tratam como família?EUR?
Olinda, Helenita e Maria: ?EURoeaqui nos tratam como família?EUR?
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

 

As vidas de Nelci, Teresa, Marli, Helenita, Olinda e Maria poderiam jamais ter se cruzado, não fosse todas elas terem encontrado a ajuda que precisavam neste momento tão delicado no mesmo lugar, o Cacc: uma casa que abriga pessoas e familiares em tratamento contra o câncer, mantido pela Liga Feminina de Combate ao Câncer de Passo Fundo. Cada uma em seu momento particular, descobriram o câncer e as facetas mais inconvenientes da doença: dores, tratamentos invasivos, quimioterapia, radioterapia, cirurgias, exames e mais exames, idas e vindas de consultórios médicos. Um fardo um tanto difícil para se carregar sem o apoio de alguém. Elas, porém, estão recebendo este suporte de várias outras mulheres que com histórias diferentes, se tornaram, como as elas mesmas chamam, seus “anjos sem asas”.

“Não há o que pague o que elas fazem por nós. Não tenho palavras suficientes para agradecer”, define Helenita Oselami, que veio de Espumoso há dois meses para as sessões de radioterapia e quimioterapia depois de receber o diagnóstico do câncer de mama. Ela, e as outras mulheres dessa nossa história, só conseguiram encontrar essa ajuda graças ao trabalho realizado pelas integrantes da Liga Feminina de Combate ao Câncer de Passo Fundo, que nesta sexta-feira (15) completou 40 anos. Muito mais do que um grupo de mulheres que reúnem, elas mantêm um serviço que realmente funciona e que é alento numa hora tão difícil. E a homenagem por este aniversário, são as vidas que elas ajudaram a melhorar.

O sorriso e a alegria de Helenita, não deixam transparecer pelo que ela está passando. Vivendo na casa mantida pela Liga desde março, quando precisou vir para Passo Fundo para sessões diárias de tratamento contra o câncer de mama, depois da cirurgia de retirada de um nódulo, ela conta, comemorando, que já na segunda-feira (18) está indo de volta para sua casa, em Espumoso: “Agora eu estou bem. Estou indo para casa, mas aqui também se tornou a minha casa. Não há o que pague o que as mulheres da Liga fizeram por mim. Eu saí da minha casa, mas vim para outra. Elas aqui viraram a minha família. Vou levar essa experiência comigo para sempre”, afirma.

A atenção dispensada por todos os envolvidos, seja do enfermeiro, da psicóloga, da assistente social, ou das integrantes da Liga são o que de mais importante cada uma está ganhando, ou levando, da casa que as hospedou. Olinda Gavineski, também de Espumoso, apesar de recém-chegada, já teve essa prova. E, mesmo tendo vindo a Passo Fundo acompanhada de uma das filhas, junto com Helenita e Maria, diz que formaram um elo fraternal. “Cheguei aqui na segunda-feira para começar a radioterapia e a quimioterapia contra um câncer no útero. E, mesmo nestes poucos dias que estou aqui, posso dizer que concordo com tudo que a Helenita falou: aqui nos tratam como uma família”, argumenta.

Junto com Helenita e Olinda, Maria Edenir Bonfim Sanabria, de São Luiz Gonzaga, formam um trio risonho e cheio de histórias para contar. Sentadas no sofá da sala de televisão, cada uma ia lembrando um pouco e complementando a história da outra. E foi assim que a dona Maria, já saiu logo dizendo: “Eu não sou feia assim. Eu sou bonita. Estou assim por causa dos remédios”, brinca, se referindo a touca que estava usando por conta da queda de cabelo.
Logo que chegou em Passo Fundo para o tratamento, dona Maria chegou a ir para uma pousada, e logo de cara não gostou do lugar. Mas em um dos dias de tratamento no hospital, ela conheceu Helenita, que falou da casa mantida pela Liga. “Aqui é extraordinário. Recebemos um tratamento especial. É até demais. Elas são anjos que Deus mandou do céu, têm o coração maior que Passo Fundo”, conta dona Maria.

 

O auxílio na hora certa
Oferecer um local para hospedagem, com alimentação, conforto e serviços essenciais é apenas um dos trabalhos atualmente realizados pela Liga Feminina de Combate ao Câncer. Outra ação, de igual importância, é o que a entidade faz pelos assistidos, que são moradores de Passo Fundo que estão em tratamento. Para estes, eles entregam sacolas com alimentos básicos e os remédios receitados pelos médicos.

Este trabalho é essencial para Nelci Maria Boelter, moradora do bairro Industrial, há oito anos lutando contra o câncer. “Desde que fiquei doente, venho aqui para pegar os remédios e a sacola de alimentos. Sem essa ajuda eu não teria como me manter”, salienta. Quando recebeu o diagnóstico do que eram os nódulos que ela tinha no pescoço veio a indicação das sessões de quimioterapia. Durante o tratamento, ela ficou sabendo do trabalho realizado pela Liga e, logo em seguida, procurou este apoio. “Com o que eu ganho, tenho que pagar aluguel e comprar os outros alimentos. Não sobra para os remédios, então venho aqui buscar”, explica. junto com os pacientes, existe uma que é diária, que é a de encontrar recursos para poder manter os serviços. “Nos mantemos com doações da comunidade, com o Brechó, eventos, pedágio e aluguel de um apartamento”, explica Neli.

Gostou? Compartilhe